O balanço provisório de mortes nas explosões de domingo em Bata, na Guiné Equatorial, subiu para 105 depois de terem sido retirados dos escombros durante a manhã pelo menos sete cadáveres, noticiou a televisão estatal.

Sete corpos sem vida foram retirados das ruínas durante as operações na manhã de terça-feira, revelou a estação pública de televisão TVGE. No dia anterior, as equipas de resgate tinham encontrado “mais de 60 pessoas vivas, presas debaixo dos escombros”, segundo o governo, incluindo duas crianças de 3 e 4 anos.

O último relatório governamental, publicado na segunda-feira à noite, contou 98 mortos e 615 feridos, 316 dos quais tiveram alta dos hospitais de Bata, que é a capital económica e continental do país e tem pouco mais de 250.000 habitantes. No entanto, esse número poderá ainda aumentar porque, de acordo com o vice-ministro da Saúde, Damaso Mitoha Ondo’o, citado pela agência Efe, “os trabalhos de resgate continuam”.

A Proteção Civil e os bombeiros continuam a procurar vítimas no epicentro dos rebentamentos, o quartel da Unidade de Intervenção Rápida de Nkuatama, que foi arrasado pelas explosões. “Os corpos que não foram retirados ontem [segunda-feira] estão a ser removidos hoje”, disseram fontes locais que tiveram acesso à zona.

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Oitenta por cento [dos corpos] foram removidos ontem. Sobraram algumas casas que não foram levantadas. Os ‘bulldozers’ estão a trabalhar”, disseram as fontes sob condição de anonimato. “Hoje tudo estará terminado porque restam poucas casas”, estimaram.

No meio da dor, a solidariedade está a fazer o seu caminho (a hashtag #TodossomosBata tornou-se popular nas redes sociais) e a ajuda humanitária que vários países prometeram à Guiné Equatorial, tais como Espanha, Estados Unidos da América e China, está a começar a chegar. Espanha enviou esta esta terça-feira um avião carregado de material médico para ajudar as pessoas afetadas pela catástrofe.

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O governo espanhol “está comprometido com o povo da Guiné Equatorial e especificamente com aqueles que sofreram as consequências da explosão em Bata”, disse o secretário de Estado para a Cooperação Internacional, Ángeles Moreno Bau, na Base Aérea de Torrejón de Ardoz (Madrid), de onde partiu o voo humanitário.

É por isso que, acrescentou Moreno, “queríamos responder o mais rapidamente possível ao apelo de emergência das autoridades equato-guineenses“. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também expressou esta terça-feira o seu apoio “à gestão da crise em Bata”, adiantando estar a preparar “carregamentos de material médico de emergência e a oferecer assistência técnica”. Do mesmo modo, a embaixadora norte-americana em Malabo, Susan Stevenson, anunciou o destacamento de “uma equipa de peritos para Bata” que assistirá o governo nos seus “esforços de avaliação e recuperação”.

De acordo com as autoridades de Malabo, o incidente ocorreu devido à “negligência e descuido da unidade responsável pelos cuidados e proteção dos depósitos de dinamite e explosivos anexos ao depósito de munições do quartel militar”, que se incendiou.

Desde a sua independência de Espanha em 1968, a Guiné Equatorial, um dos principais produtores de petróleo de África, é considerado pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, devido a acusações de detenções e torturas de dissidentes e alegações de fraude eleitoral.

O chefe de estado de 78 anos, Teodoro Obiang, governa o país com mão de ferro desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias num golpe de Estado, e é o Presidente com o mandato mais longo do mundo. A Guiné Equatorial é membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.