O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está a realizar trabalhos de restauro de habitats e prevenção estrutural contra incêndios no monumento natural de Portas de Rodão, foi anunciado esta quarta-feira.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o ICNF refere que o projeto de restauro de habitats e prevenção estrutural contra incêndios está a ser desenvolvido pela direção regional do Alentejo, na área protegida que abrange os concelhos de Nisa (Portalegre) e de Vila Velha de Rodão (Castelo Branco).

Estes trabalhos surgem na sequência do incêndio de 2017 que consumiu cerca de 70% daquela área protegida, com destruição de vários habitats característicos e prejuízos para a paisagem e para a biodiversidade.

“Os trabalhos em curso de recuperação das áreas ardidas estão a ser desenvolvidos em propriedade privada, através de um conjunto de operações que visam melhorar as condições de proteção contra incêndios das manchas de floresta autóctone existente, assim como aumentar a área florestal”, Lê-se na nota.

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O ICNF sublinha que com o objetivo da manutenção da integridade do monumento natural de Portas de Ródão e da área adjacente “iniciaram-se no final de 2019 diversas intervenções que abrangem um total de 100 hectares”.

Os trabalhos devem ficar concluídos este ano, sendo que o investimento total ronda os 159 mil euros. Os custos com a realização destas operações não têm qualquer encargo para os proprietários, sendo suportadas, na íntegra, pelo ICNF, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Nos trabalhos em curso “estão a ser plantados zimbros, sobreiros e azinheiras numa área com 50 hectares, em manchas não contínuas, abrangendo situações de adensamento, rearborização e arborização de novas áreas”, explica o ICNF.

O monumento natural das Portas de Rodão (MNPR) é uma área protegida criada em 2009, com 965 hectares, sendo 446 hectares no concelho de Vila Velha de Ródão e 519 hectares no concelho de Nisa. Integra ainda a Rede Natura 2000 (Zona Especial de Conservação de São Mamede) e o Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional.

A sua criação teve como objetivos a preservação das formações geológicas e geomorfológicas e dos sítios de interesse paleontológico, a preservação das espécies e dos habitats naturais, a proteção e valorização da paisagem, a preservação e valorização dos sítios de interesse arqueológico e a manutenção da integridade do monumento e área adjacente.

É ainda o habitat de uma comunidade de aves de grande interesse conservacionista, destacando-se a presença de uma colónia de grifos nas escarpas, além da ocorrência como nidificante de águia-de-bonelli, cegonha-preta, abutre-do-egipto e andorinhão-cafre.

Uma das espécies de flora mais relevantes é o zimbro (Juniperus oxycedrus lagunae), que apresenta uma população associada às escarpas rochosas e áreas adjacentes, sendo esta área protegida a localização mais meridional da espécie em Portugal, formando o habitat prioritário de florestas endémicas de zimbros.