Um minuto de silêncio às 14h46. Cerimónias nas praias. Um discurso do Imperador e do primeiro-ministro. Foi no 11 de março de 2011, eram 05h46 em Portugal. Um sismo de 9.1 na escala da Ritcher, um dos mais fortes alguma vez registado, arrasa a região de Tōhoku no Japão. Seguiu-se um violento tsunami, que atingiu várias cidades costeiras no nordeste do país, e um acidente na central nuclear de Fukushima — o pior desde Chernobyl.

Mais de 18 mil pessoas morreram, cidades inteiras foram destruídas e o Japão entrou em estado de calamidade. Esta quinta-feira, dez anos volvidos após a tragédia, foi a vez de se prestar homenagem às vítimas e recordar um dos dias mais negros da história do país.

Num discurso ao país, o Imperador Naruhito referiu a “dor no peito” de que padece quando pensa nas vítimas da tragédia, considerando “importante sarar feridas emocionais e vigiar a saúde mental e física dos que foram afetados pelos eventos, incluindo os mais velhos e as crianças”. Mas também se focou na recuperação e na solidariedade: “Muitos daqueles que foram afetados [pela tragédia], apesar do que sofreram, conseguiram ultrapassaram inúmeras dificuldades ajudando-se uns aos outros”.

O primeiro-ministro corroborou as suas palavras, de acordo com o The Guardian: “O Japão sempre conseguiu ultrapassar todas as crises com coragem e esperança”, numa alusão a outra crise, à sanitária, que o país enfrenta. Mensagem semelhante trouxe um nome invulgar que discursou na cerimónia —  Lady Gaga, que também publicou um vídeo no Twitter.

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Tenho tanto respeito pelo povo do Japão pela sua força, bondade e amor. Eu penso que dá esperança para as pessoas que estão a lutar contra a pandemia. No entanto, eu também imagino que há muitas pessoas que estão ainda a lidar com a dor. Então vamos continuar a apoiar uns aos outros, a ser bondosos. Eu estou sempre a rezar por ti, Japão”, indicou a cantora norte-americana.

Cerimónias e eventos multiplicaram-se por todo o Japão em praias e em cidades. Atsushi Niizuma, que perdeu a mãe após o tsunami, deslocou-se junto ao mar para “dizer à mãe que os meus filhos, que eram muito ligados a ela, que se estão a dar bem. Eu vim aqui para lhe agradecer o facto de a nossa família estar a viver com segurança”, lê-se no The Guardian. 

“Perdi os meus colegas de escola. Houve pessoas a morrerem em frente aos meus olhos. 11 de março é um dia que eu espero que nunca mais aconteça”, disse Nayuta Ganbe ao The Guardian, estudante que pela primeira vez decidiu participar num evento de homenagem às vítimas.

Em Ishinomaki, cidade em que o tsunami matou quase 3.500 pessoas, o autarca espera que a memória se preserve. “Como lugar que foi severamente atingido, queremos preservar a memória para que o sacrifício empreendido nunca precise de ser feito novamente”, afirmou na inauguração de um monumento em homenagem às vítimas.