Astrónomos detetaram indícios de atividade vulcânica num planeta extrassolar que estará na origem da formação de uma nova atmosfera, divulgou esta quinta-feira a Agência Espacial Europeia, que opera o telescópio Hubble, com que foram feitas as observações.

O planeta GJ 1132b, que tem densidade, tamanho e idade semelhantes à Terra, orbita muito próximo uma estrela anã vermelha e perdeu rapidamente a sua atmosfera primária, constituída por hélio e hidrogénio, quando era um planeta gasoso. Em muito pouco tempo, o planeta tornou-se rochoso e está a formar uma nova atmosfera, que substitui a anterior, rica em hidrogénio, cianeto de hidrogénio, metano e amoníaco.

Os astrónomos teorizam que o hidrogénio da primeira atmosfera “foi absorvido pelo manto de magma derretido do planeta” e que agora está a ser lentamente libertado pela atividade vulcânica para formar uma nova atmosfera. Para o astroquímico Paul Rimmer, da universidade britânica de Cambridge, que participou no estudo, “esta segunda atmosfera vem do interior do planeta”, pelo que “é uma janela para a geologia de outro mundo”.

A equipa científica atribui ao aquecimento das marés o facto de o manto do planeta se manter o quente suficiente para permanecer líquido durante muito tempo e alimentar a atividade vulcânica. O aquecimento das marés, fenómeno que acontece em Io, uma das luas de Júpiter, ocorre por atrito, quando a energia da órbita e da rotação de um planeta ou lua é dissipada sob a forma de calor no interior do planeta ou lua.

No caso do planeta GJ 1132b, existe pelo menos um outro planeta no mesmo sistema estelar que exerce sobre ele uma atração gravitacional. Os resultados do estudo serão publicados na revista da especialidade The Astronomical Journal.

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