A Festa Literária Internacional da Mantiqueira (FLIMA), no Brasil, arranca na próxima quinta-feira de forma ‘online’, com 31 convidados, e irá homenagear a obra de Lygia Fagundes Telles, vencedora do prémio Camões, em 2005.

A edição deste ano, que decorrerá virtualmente entre os dias 18 e 21 de março devido à pandemia de Covid-19, contará com 10 mesas e três saraus, com a participação de personalidades de áreas distintas, como da literatura, música, artes e ciências.

Vivemos um momento histórico agudo, em que o Brasil literalmente respira por aparelhos, sufocado entre o pandemónio político e a pandemia do coronavírus. A nossa programação questiona o lugar da literatura, da arte e do debate de ideias nesse contexto de ar rarefeito”, explicou o curador da FLIMA, Roberto Guimarães, em comunicado.

A abertura será na próxima quinta-feira, com uma conversa entre o escritor angolano José Eduardo Agualusa e o ator, humorista e autor brasileiro Gregório Duvivier, sobre a temática “Imaginável mundo novo: literatura e a fabricação da realidade”. Ainda no mesmo dia, Lélia Gonzalez, uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX, e a poesia de Ryane Leão serão foco de análise em outras duas mesas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na sexta-feira, dois premiados tradutores, Inês Oseki-Dépré e Eric M. B. Becker, falarão sobre a obra de Lygia Fagundes Telles; as autoras brasileiras Giovana Madalosso e Natalia Timerman abordarão relações intra e extraliterárias; e, ao final do dia, haverá lugar para um momento de fusão entre poesia, voz e violão.

Já no sábado, acontecerá a homenagem à escritora brasileira Lygia Fagundes Telles, vencedora do prémio Camões, em 2005, num encontro que, segundo a organização, será “rodeado de afeto“, e reunirá Nilton Resende, ficcionista e professor, especialista na obra a autora, e Tamy Ghannam, investigadora de narrativas brasileiras contemporâneas e grande admiradora de Lygia. A homenagem contará com a participação especial de Lúcia Telles, neta de Lygia, que trabalha com a obra da avó há 16 anos.

Ainda no sábado, decorrerá uma conversa entre Maria José Silveira, Sheyla Smanioto e Tatiana Salem Levy sobre “corpos narrativos e a narrativa dos corpos”, e Antônio Xerxenesky e Fido Nesti coordenarão a mesa “1984: vivendo a distopia na distopia”. O dia terminará com a leitura do conto inédito “A espera” e um recital de homenagem a compositoras brasileiras.

No domingo, último dia da FLIMA, haverá lugar para uma conserva entre Bruno Paes Manso e Michel Laub, sobre o tema “Retratos do Brasil: aproximações entre ficção e realidade”; Costica Bradatan e Ricardo Lísias abordarão a censura, autocensura e os riscos do livre pensar em tempos de polarização e, por último, Márcia Wayna Kambeba e Torkjell Leira debaterão a disputa pela Amazónia e os problemas ambientais que afetam a maior floresta tropical do planeta.

Todas as mesas serão gratuitas e transmitidas ao vivo pelo canal do YouTube da FLIMA e continuarão disponíveis após o encerramento. Além da programação adulta, serão realizadas 10 atividades para crianças, famílias e educadores, pela FLIminha, o programa educativo da FLIMA.