Lendário comentador de Fórmula 1, Murray Walker morreu aos 97 anos, anunciou “com grande tristeza” o British Racing Drivers’ Club, do qual era associado.

“Um amigo, uma verdadeira lenda do desporto motorizado, o comentador favorito da nação com um sorriso contagiante”, acrescentam na mensagem de pesar partilhada via Twitter. “Agradecemos a Murray por tudo o que fez pela comunidade. Descansa em paz, amigo.”

Primeiro na BBC, depois na ITV, quando em 1997 a estação pública britânica perdeu os direitos de transmissão do mais elevado escalão do automobilismo, Graeme Murray Walker popularizou-se como “a voz da Fórmula 1”. Entre 1976 e 2001 foi o principal comentador da modalidade no país — o último Grande Prémio a que assistiu profissionalmente foi o de Indianápolis, nos Estados Unidos, a 30 de setembro desse ano —, mas desde os 25 anos que trabalhava atrás dos microfones.

Foi em 1948, depois de regressar da Segunda Guerra Mundial, que deu início à carreira que viria a prolongar-se por mais de meio século. E que, por influência do pai, que era piloto de motas e mais tarde também se tornou comentador, começou nas duas rodas — os carros só chegariam décadas depois. Na BBC, relatou centenas de corridas e foi colega de pilotos como o campeão do mundo James Hunt (que morreu de ataque cardíaco em 1993, com apenas 45), Graham Hill ou Martin Brundle.

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Dono de um sentido de humor peculiar — “murrayismos” foi como se convencionou chamar às suas saídas invariavelmente “secas” —, Murray Walker foi galardoado em 2002 com um BAFTA especial, pelos serviços prestados à televisão, e chegou a ser contratado para participar em campanhas publicitárias — como em 1996, quando relatou a ida do então campeão Damon Hill a um restaurante Pizza Hut.

Este sábado, ao lamentar a notícia da sua morte, Martin Brundle, antigo colega de comentário nos seus derradeiros anos de atividade na privada ITV, referiu-se-lhe como “tesouro nacional” e “génio da comunicação”.

Para a história ficam algumas das suas melhores tiradas, reunidas ao longo dos anos pelos seus admiradores em fóruns sobre a modalidade. Eis três: “Não há nada de errado com o carro, tirando estar a arder”; “Teria sido a terceira vitória consecutiva de Senna se ele tivesse ganho as duas anteriores”; “E os primeiros cinco lugares estão ocupados com cinco carros diferentes”.