“Longas conversas” entre o historiador e cronista Vasco Pulido Valente, que morreu há um ano, e o jornalista João Céu e Silva resultaram numa obra a editar no próximo dia 25, anunciou esta terça-feira a editora Contraponto.

O livro surge na sequência de outras obras de Céu e Silva “Uma Longa Viagem com…” que contou com José Saramago, António Lobo Antunes, Miguel Torga, Álvaro Cunhal e Manuel Alegre, sendo este sexto volume dedicado a Vasco Pulido Valente (1941-2020).

Pulido Valente aborda a sua relação com o ex-Presidente da República António Ramalho Eanes, com o ex-líder comunista Álvaro Cunhal e com o ex-dirigente socialista Mário Soares, que considera “o único fundador da democracia portuguesa”, segundo nota da editora enviada à agência Lusa.

O livro é o resultado de 42 “longas conversas” entre Céu e Silva e Pulido Valente, interrompidas um mês antes de o ensaísta morrer. Segundo a editora, Pulido Valente afirmou que gostaria de se ter “dedicado à História do século XIX”.

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“Era o que deveria ter feito e nada mais. Deixar uma História completa desse século, que é tão importante para compreender o país que em grande parte ainda hoje somos”, afirmou Pulido Valente, que viu a sua breve carreira política como interrompida pela morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, a 4 de dezembro de 1980.

A minha vida foi cortada ao meio com esse acidente“, afirmou Pulido Valente referindo-se ao acidente aéreo que vitimou Sá Carneiro, o então ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, as suas mulheres, e a respetiva comitiva.

Nestas conversas, Pulido Valente abordou também os governos liderados por Aníbal Cavaco Silva e os tempos em que fez parte do semanário O Independente. Autor, entre outros, de “Um Herói Português. Henrique Paiva Couceiro” (2006), Pulido Valente “faz um balanço da sua vida”. Segundo a editora, Pulido Valente foi “um homem que granjeou muitos inimigos à custa da sua prosa afiada e mordaz e uma das figuras mais polémicas da imprensa dos últimos quarenta anos”.

Natural de Lisboa, Vasco Pulido Valente era licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorado em História pela Universidade de Oxford, tendo sido investigador-coordenador do Instituto de Ciências Sociais. Lecionou na Universidade Católica Portuguesa e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Escreveu, entre outros, nos jornais Expresso, Diário de Notícias, A Tarde, O Independente, Observador e Público. Fez comentário político nas emissoras de rádio TSF e Comercial, e também na TVI. Além da obra sobre o militar Paiva Couceiro, entre outros títulos, publicou “Os Militares e a Política: 1820-1856” (1997), “A República Velha: 1910-1917” (1998), ou “Marcelo Caetano: As Desventuras da Razão” (2002).

João Céu e Silva é jornalista desde 1998, tendo feito parte da redação do Diário de Noticias. É autor dos ensaios “Álvaro Cunhal e as Mulheres que Tomaram Partido”, “1961 – O Ano que Mudou Portugal”, “1975 – O Ano do Furacão Revolucionário” e “Fátima – A Profecia Que Assusta o Vaticano”.

Em 2013, recebeu o Prémio Literário Alves Redol pelo romance “A Sereia Muçulmana”, tendo publicado na ficção “28 Dias em Agosto”, “A Hora da Ilusão”, “Adeus, África” e “A Segunda Vida de Fernando Pessoa”.