O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou esta segunda-feira aos países-membros da organização para que aprovem um plano de emergência sobre a violência contra mulheres e raparigas.

“Devemos a todo custo voltar a dar as cartas, mudar o software“, disse o ex-primeiro ministro português, discursando na abertura da 65.ª sessão da Comissão da ONU sobre a Condição da Mulher, em que defendeu que a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais problemas como a perda de trabalho pelas mulheres, abusos sexuais e casamentos de crianças.

O secretário-geral, candidato a um segundo mandato à frente da ONU, apelou aos 193 países-membros da organização para que “adotem um plano de intervenção de emergência (…) para combater a violência contra mulheres e raparigas”. A Covid-19, disse Guterres, “deu aos homens mais uma oportunidade de monopolizar a tomada de decisões”.

“E estamos a gastar milhares de milhões de dólares em armas que não nos protegem, enquanto negligenciamos a violência sofrida por uma em cada três mulheres no mundo”, adiantou Guterres perante a Comissão, cujos trabalhos se prolongam até 26 de março, sobretudo por videoconferência.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre os participantes deste ano destacam-se a vice-presidente norte-americana (Kamala Harris), a comissária europeia para as Parcerias Internacionais (Jutta Urpilainen), além de ministras de países europeus e sul-americanos.

Segundo a AFP, prosseguem negociações ao nível da Comissão para aprovação de uma declaração de cerca de 51 páginas, sobre os direitos das mulheres e proteção contra fenómenos como o assédio sexual.

Alertando para a pouca participação feminina na vida política, indicou que atualmente apenas 22 países são dirigidos por mulheres e que, ao ritmo atual, a paridade a nível de chefes de governo “não será alcançada antes de 2150”. “Ouviram bem! Mais 130 anos dominados por homens a continuar a tomar os mesmos tipos de decisões tomadas nos últimos 130 anos”, adiantou.