“O Gabriel Jesus lesionou-se, o De Bruyne também ficou de fora, o Kun Agüero esteve quatro meses de baixa, o Gündogan superou o novo coronavírus que apanhou outros cinco jogadores… Para jogar quatro competições e com jogos a cada três dias, necessitávamos de todo o plantel e com lesões não é nada fácil. O inverno em Inglaterra é muito duro, com jogos de três em três dias, e tivemos a situação da Covid. Mesmo assim, ganhámos, ganhámos e ganhámos… A situação agora é perfeita porque rodamos seis ou sete jogadores e funciona! Para conseguirmos chegar aos títulos, todos têm de estar na melhor forma”, apontava Pep Guardiola na véspera.

Cancelo joga, Bernardo marca, Rúben assiste (literalmente): Manchester City soma 19.ª vitória seguida com portugueses em destaque

A derrota no dérbi de Manchester frente ao United quebrou uma série de 21 vitórias seguidas mas nem por isso o percurso do City sofreu alterações, com duas goleadas frente a Southampton e Fulham que colocaram a conquista do título na Premier League como uma mera questão de tempo. No entanto, os citizens estão longe de jogar apenas numa prova e a Liga dos Campeões, uma espécie de sonho adiado que continua como grande meta dos ingleses a curto prazo, surge como grande objetivo numa época que o espanhol prefere ainda avaliar através dos títulos… e que por isso fica ainda aquém. “Neste momento estamos pior do que nos anos anteriores porque os outros conquistaram muita coisa e esta equipa ainda não ganhou nada. Nunca ganhámos os quatro títulos antes e não acredito que vá acontecer nesta temporada, com este contexto. As únicas coisas que tenho em mente agora são o jogo com o B. Mönchengladbach e com o Everton”, frisou, entre mais elogios aos jogadores portugueses.

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“Estou mais do que satisfeito com o Bernardo [Silva], espero que também ele esteja satisfeito com a forma como tem vindo a jogar e a posição onde tem atuado. É um jogador muito, muito importante para a equipa, por vários motivos. Com exceção de um período na época passada em que caiu um pouco, o nível dele tem sido fantástico. É um jogador com o qual podemos contar dentro e fora do campo, seja qual for a situação dele”, disse Pep Guardiola, que na primeira mão destacara a exibição de João Cancelo, o melhor em campo no triunfo por 2-0 frente aos germânicos: “Está a jogar muito bem. É um jogador com enorme qualidade e tem uma capacidade física assombrosa. Estaria pronto para jogar amanhã, caso fosse preciso, e as duas assistências dele foram brilhantes. Tem de ter qualidade para conseguir colocar a bola da forma como colocou. Foi perfeito”.

Um, dois mas o terceiro não ficou esquecido. Na semana passada, numa conversa na BT Sports com o ex-central Rio Ferdinand, Guardiola voltou a falar daquele que já considerou ter sido uma das suas melhores contratações enquanto treinador. “Ele é um central que lidera a linha defensiva e os outros. Toma boas decisões mas ajuda os outros a tomar também. É assim que te tornas num defesa central incrível. Ele não joga só a pensar na sua área, em si mesmo, mas em quem está à direita e à esquerda. É um talento. Existem jogadores incríveis que só se preocupam com o seu trabalho mas ele preocupa-se com o trabalho dos outros, não só com os defesas mas também com os médios. Vemos a sua linguagem corporal, está 90 minutos a viver o jogo. Torna melhores os companheiros, e isso é tão difícil de encontrar no mundo do futebol”, frisou em relação a Rúben Dias.

Mais uma vez, os portugueses voltaram a ser titulares no Manchester City. Kevin de Bruyne e Gündogan marcaram os (grandes) golos, Phil Foden e Mahrez foram os principais desequilibradores, elementos como João Cancelo e Bernardo Silva ilustraram mesmo sem exibições de encher o olho aquilo que é hoje a máquina de Guardiola. E houve uma jogada de oito segundos que mostrou isso mesmo, a começar com Bernardo na esquerda a iniciar a saída para o ataque e a dar linha de passe ao meio descaído na direita oito segundos depois. Antes, Cancelo tinha voltado a fazer o movimento interior vindo da lateral, avançou no terreno e colocou na profundidade em Phil Foden num lance que acabou por não resultar em golo mas que mostrou como se pode ser ofensivo sem ter referência atacante (Gabriel Jesus, Kun Agüero ou Sterling). E, com isso, são já 24 vitórias nos últimos 25 jogos.

Os alemães, que não atravessam propriamente o melhor momento da época, até tiveram um primeiro remate para defesa apertada de Ederson mas bastaram duas acelerações para uma eliminatória que não deveria ter história tornar-se também num jogo com pouca ou nenhuma história: jogando sem referência ofensiva sempre com grande mobilidade e apostando num jogo entre linhas que deixou muitas vezes o B. Mönchengladbach descompensado no último terço, Kevin de Bruyne inaugurou o marcador após um remate fantástico de pé esquerdo de fora da área que bateu ainda na trave após jogada de Mahrez (12′) e Gündogan aumentou a vantagem pouco depois em mais uma saída rápida com grande mérito de Phil Foden a descobrir espaço antes da assistência (18′). O rolo compressor fazia de novo mossa e de uma forma esmagadora, como se viu também no segundo golo onde a outra linha de passe de Foden era João Cancelo, que voltou a começar o jogo como… lateral esquerdo. E foi também por isso que, com novo 2-0 no resultado, Guardiola rodou a equipa e geriu a vantagem até ao final do encontro.