Depois de se terem referido à polémica entrevista concedida a Oprah Winfrey como “a última palavra” sobre as relações com a família real britânica, eis que Harry e Meghan voltam a incendiar os ânimos em ambos os lados do Altântico. No início desta semana, foi a vez de Gayle King, rosto das manhãs da CBS e amiga do casal, fazer revelações sobre as conversas de Harry com Carlos e William no rescaldo da entrevista emitida a 7 de março.

“O Harry tem falado com o irmão e com o pai. O que me disseram foi que essas conversas não foram produtivas, mas que estão felizes por, pelo menos, terem começado a falar”, afirmou a apresentadora durante a emissão do programa “CBS This Morning”, na última terça-feira.

Amiga próxima do casal (terá sido na sua casa que foi gravada a entrevista a Oprah Winfrey), King afirmou ter ligado para Harry e Meghan durante o último fim de semana para falar sobre as consequências da polémica conversa e que estes lhe revelaram detalhes sobre as conversações em curso com a família real britânica. “O que os aborrece é o facto do palácio continuar a dizer que quer resolver isto em privado, enquanto continuam a sair histórias muito depreciativas para Meghan. Ninguém na família real falou com ela durante este período”, revelou ainda a apresentadora de 66 anos.

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No seguimento das declarações, uma fonte próxima de William já veio comentar as atuais preocupações do príncipe face ao sucedido. “Há uma quebra de confiança de ambos os lados, o que faz com que seja muito difícil seguir em frente. Neste momento, William receia que qualquer coisa que diga ao irmão seja exposto na televisão americana”, referiu esta mesma fonte à Vanity Fair.

A mesma publicação escreve que Buckingham não tenciona emitir qualquer comunicado a este respeito, embora receie que o caso se torne numa “novela”. “A família está focada no duque de Edimburgo. Para eles, a sua saúde é a prioridade. Os Sussex parecem querer continuar a alimentar esta história, enquanto a realeza está a tentar proteger o príncipe Philip das manchetes dos jornais. É uma maneira muito estranha de tentar resolver uma desavença familiar”, admitiu a mesma fonte.

A Vanity Fair crescenta ainda que Harry se tem “mantido em contacto” com a rainha desde que a entrevista foi transmitida e que falam regularmente sobre o estado de saúde do avô, o príncipe Philip, de 99 anos.

Ainda na terça-feira de manhã, Gayle King afirmou ainda que a atual polémica sobre racismo na família real tem sido frustrante para o casal, que apenas queria que “a realeza interviesse e dissesse à imprensa para parar com as histórias falsas, infundadas e injustas que claramente têm um enviesamento racial”. “Ambos querem seguir em frente e sarar esta família. No final do dia, é a família do Harry”, adicionou.

Harry, Meghan e Oprah: esta vida real dava uma novela. Ah, espera…

No momento seguinte, King afirmou que Meghan tem documentos que provam tudo o que disse na entrevista a Oprah e defendeu ainda a amiga das acusações de bullying de que foi alvo por ex-funcionários da casa real. “Qualquer pessoa que tenha trabalhado com ela dirá como é: uma pessoa verdadeiramente doce e carinhosa. Ninguém reconheceu que existe um problema e é isso que eles realmente querem. Eles querem ter uma conversa”, rematou. As referidas acusações, soube-se no último fim de semana, vão ser investigadas por uma empresa independente.

As revelações sobre conversas privadas feitas pela apresentadora, em direito, na televisão americana não terão sido bem recebidas em Buckingham e terão mesmo despertado um sentimento de traição em relação aos Sussex. “Nenhuma das casas — a rainha, o príncipe de Gales ou os duques de Cambridge — fará comentários sobre conversas privadas”, afirmou uma fonte da casa real, citada pelo Daily Mail.

Já Russell Myers, editor de realeza do mesmo jornal, antecipa que a polémica poderá estar longe do fim, com possíveis novas revelações dos Sussex a caminho. “Sabe-se que Meghan manteve um diário durante o tempo que viveu na família real e seria um escândalo se ela o publicasse. Se eles não estiverem satisfeitos com os diálogos em curso, vão publicar diários, lançar um documentário revelador na Netflix. Nada está fora dos limites”.

Quem reagiu prontamente esta quarta-feira foi Omid Scobie, jornalista e coautor do livro “Finding Freedom”, sobre a história de Harry e Meghan. No Twitter, mostrou-se ironicamente confuso com a possível indignação de Buckingham às revelações feitas por Gayle King. “A ver se percebo este novo protocolo real. Está tudo bem quando informação vai parar aos jornais através de uma fonte do palácio, mas não quando a Gayle King a partilha na televisão? Muito bem”, comentou.

Há mais de uma semana que a relação dos Sussex com a família real britânica é destaque na imprensa. Depois de terem deixado de ser membros ativos da realeza, Harry e Meghan fizeram revelações sobre a vida no seio clã durante uma entrevista de mais de uma hora a Oprah Winfrey. Entre elas, comentários sobre quão escura seria a pele de Archie, a fuga de informação falsa do palácio para a imprensa britânica e o facto do príncipe Carlos ter deixado de atender o telefone a Harry. Sobre as suspeitas de racismo, a rainha determinou que o assunto seria averiguado internamente.

Artigo atualizado no dia 17 de março, às 18h40.