Um jovem acusado de ter participado num assalto a uma moradia na Feira, distrito de Aveiro, disse ter sido baleado nas costas pela GNR, quando se preparava para sair da casa, apesar de não ter oferecido resistência.

Eles [militares da GNR] disseram para pôr as mãos no ar e virar-me de costas, e eu acatei. Quando me virei de costas, levei um tiro”, disse o arguido, que falava durante a primeira sessão do julgamento, no Tribunal da Feira.

O jovem, que se encontra em prisão preventiva, está acusado juntamente com outros três indivíduos de dois crimes de roubo agravado, um crime de detenção de arma proibida, um crime de furto e outro de falsificação de documento.Este arguido e um comparsa, que também está em prisão preventiva, ilibaram os outros dois coarguidos no processo e incriminaram dois homens que não estão a ser julgados, um dos quais seria o mentor do assalto.

Estou aqui para assumir o que fiz e para responder pela minha pessoa”, afirmou.

O arguido contou ainda que aceitou participar no assalto por estar sem trabalho há cerca de 15 dias, devido ao confinamento imposto pelo Governo, por causa da pandemia de Covid-19. “Não tinha nenhuma fonte de rendimento. Vi a minha família a passar mal. Foi um ato de desespero que me levou a fazer aquilo. Foi o maior erro da minha vida. Arrependo-me muito daquilo que fiz”, afirmou.

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Assumiu ainda que poderá ter sido “agressivo” com o dono da habitação. “Posso ter dado um empurrão ou dois, mas nada mais”, acrescentou. O outro arguido que se encontra em prisão preventiva admitiu ter disparado uma arma ‘taser’ “duas ou três vezes” no ofendido. “Sei que tive uma atitude rude e gostava de pedir desculpa às vítimas”, afirmou.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os arguidos, com idades entre os 30 e 34 anos, furtaram uma viatura em Guimarães e deslocaram-se a Sanguedo, na madrugada de 24 de abril de 2020, para assaltar uma moradia. Os arguidos terão entrado na casa armados com uma arma ‘taser’ e um objeto semelhante a uma arma de fogo, tendo agredido e sequestrado os donos da habitação.

O MP diz que os assaltantes dispararam várias vezes o ‘taser’ contra o dono da habitação e agrediram-no com murros e pontapés, para o obrigar a abrir dois cofres que tinha em casa. Quando se preparavam para fugir da moradia com o produto do roubo, foram surpreendidos por uma patrulha da GNR que tinha sido alertada por um vizinho.

Um dos homens terá então apontado a arma ‘taser’ a um elemento da GNR e foi baleado nas costas, tendo sido levado para o Hospital em estado grave. A GNR deteve outro homem, tendo os outros dois conseguido escapar para parte incerta.