À entrada para o jogo desta quarta-feira contra a Lazio, Robert Lewandowski tinha 38 golos marcados pelo Bayern Munique desde o início da temporada. Um número impressionante, tendo em conta que estamos a meio do mês do março, e que o coloca na linha da frente para conquistar a Bota de Ouro no final da época. De uma forma mais global, o avançado polaco é o segundo melhor marcador da história do clube alemão, com 284 golos que o colocam apenas atrás dos 563 de Gerd Müller. Um registo muito difícil de atingir — ainda que exista outro que, para Lewandowski, é bastante simples de perseguir.

Com 32 na Bundesliga esta temporada, o polaco está a apenas oito golos de atingir o recorde de mais golos marcados por um único jogador numa única edição da liga alemã pelo Bayern: que também pertence a Müller e que data de 1971/72, quando o avançado marcou 40 golos para o Campeonato numa época. “Iria significar muito. Mas esse registo de uma lenda do clube ainda está longe, não quero preocupar-me demasiado. Se chegar a um ou dois golos dos 40 vai ficar tudo muito intenso na minha cabeça. Iria encher-me com um orgulho enorme. Mas o Gerd Müller será sempre Gerd Müller, é inigualável. Mas deixa-me um bocadinho stressado. Atingir esta marca quase 50 anos depois iria significar muito para mim”, disse Lewandowski esta semana, numa longa entrevista ao jornal Bild.

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Na conversa, o avançado de 32 anos garantiu que se sente “melhor agora do que aos 26 ou 27”. “Sou melhor jogador agora do que há seis anos. E confio em mim, definitivamente, para manter esse nível por muitos anos”, acrescentou, reconhecendo que não descarta o cenário de acabar a carreira no Bayern mas que “ainda é muito cedo” para pensar em deixar aos relvados. Explicou que os grandes ídolos, quando era mais novo, eram Roberto Baggio, Alessandro Del Piero e Thierry Henry e ainda comentou a possibilidade de o novo jogador da moda na Alemanha, Erling Haaland, deixar o Borussia Dortmund para reforçar o Bayern — tal como ele próprio fez, em 2014.

“Ele é um jogador do Borussia Dortmund e não posso falar sobre os planos dele. O que posso dizer é que é um jogador muito bom. A questão vai ser: quem é que vai estar pronto naquele momento, se eu deixar mesmo o Bayern a dada altura? Existem muitos avançados ótimos neste momento mas não posso dizer hoje quem é que seria o meu sucessor perfeito nessa altura”, atirou, ressalvando que não sabe se o clube de Munique está ou não interessado na contratação futura de Haaland.

Assim, e a meio de uma temporada acima da média depois de outra em que conquistou todos os troféus que podia conquistar, Lewandowski liderava esta quarta-feira o Bayern Munique na receção à Lazio, na segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Depois da goleada por 1-4 em Roma, na primeira mão, transparecia a ideia de que os alemães só tinham de cumprir calendário e deixar passar 90 minutos para garantirem a presença na fase seguinte da competição. Ainda assim, Hansi Flick mantinha a espinha dorsal da equipa, com Kimmich, Müller e Lewandowski no onze, lançando também Sané, Gnabry e Lucas Hernández para a titularidade, com Alphonso Davies a ser poupado. Neuer, que esteve com gripe durante a semana, e Coman, que se queixou de dores musculares, eram as baixas no Bayern e a baliza ficava a cargo do habitualmente suplente Nübel. Mas a grande surpresa estava do outro lado: Ciro Immobile era suplente e parecia ser poupado por Simone Inzaghi, num sinal de que a Lazio também já não esperava muito da eliminatória.

Numa primeira parte equilibrada, em que a Lazio procurou jogar no meio-campo adversário e o Bayern não sentia a necessidade de acelerar, totalmente confortável com o resultado e com a eliminatória, acabou por ser uma grande penalidade a fazer a diferença. Depois de uma primeira oportunidade de Sané, que atirou ao lado com um pontapé cruzado a partir da direita (13′), Goretzka foi carregado em falta por Muriqi no interior da grande área dos italianos. Na conversão, como de costume, Lewandowski bateu Reina, abriu o marcador e fez golo pelo sétimo jogo consecutivo (33′). Na ida para o intervalo, os alemães estavam ainda mais tranquilos e com o passaporte dos quartos de final praticamente adquirido.

No início da segunda parte, Hansi Flick entrou num modo de gestão notório e trocou Boateng, que teve um problema muscular nas últimas semanas, por Süle. Inzaghi também mexeu e tirou Farès para colocar Lulić, o experiente bósnio de 35 anos. O relógio foi avançando, entre a tranquilidade do Bayern e a compreensível incapacidade da Lazio em chegar ao meio-campo adversário, e o treinador dos alemães continuou as substituições: saiu Goretzka, saiu Lewandowski (que ainda atirou uma bola ao poste), saiu Müller e saiu Kimmich; entrou Davies, entrou Choupo-Moting, entrou Musiala e entrou Javi Martínez.

O Bayern ainda aumentou a vantagem por intermédio de Choupo-Moting, que rematou à saída de Reina depois de um passe perfeito de Alaba na profundidade (73′), e a Lazio conseguiu mais um golo de honra, por intermédio de Parolo na sequência de um livre (82′). Immobile nem sequer saiu do banco, o que também demonstrou tudo o que Inzaghi esperava — ou não esperava — do jogo, e os alemães carimbaram o passaporte para os quartos de final da Liga dos Campeões com um esclarecedor 6-2 no final da eliminatória. As semanas passam, os jogos passam, a competição continua e existe uma ideia que fica cada vez mais clara: independentemente do que acontecer no sorteio da próxima sexta-feira, em que o Bayern Munique vai descobrir quem vai enfrentar nos quartos de final, não poder ser ignorado o cenário de que os alemães são os grandes candidatos à conquista da liga milionária. Ou seja, são grandes candidatos a revalidar o título, algo que só o Real Madrid alcançou no atual formato da prova.