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Como Zack Snyder tentou fazer justiça para os fãs da Liga

Este artigo tem mais de 3 anos

A “Liga da Justiça” de 2017 não é o filme que Zack Snyder queria. Quatro anos depois, o seu "director's cut" estreou-se na HBO. O diretor de fotografia Fabian Wagner conta-nos como tudo aconteceu.

Flash, Batman e Mulher Maravilha: três dos protagonistas do filme baseado nas personagens da DC Comics
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Flash, Batman e Mulher Maravilha: três dos protagonistas do filme baseado nas personagens da DC Comics

Flash, Batman e Mulher Maravilha: três dos protagonistas do filme baseado nas personagens da DC Comics

A história em volta da nova versão de “Liga da Justiça”, que já está disponível na HBO Portugal, tem algo de marcante. Não só por ser um director’s cut muito concreto, mas porque também é uma nova versão de um filme que tem nas entrelinhas o sinal dos tempos, da pandemia, de estarmos fechados em casa, de como o crescimento das plataformas de streaming abrem uma série de possibilidades para o futuro. “Liga da Justiça de Zack Snyder” estava pensado para ser estreado nos cinemas, mas o estado atual das coisas levou a Warner – que detém a HBO – a repensar as suas grandes estreias de 2021 e fazê-las acontecer exclusivamente ou simultaneamente numa plataforma de streaming. O director’s cut de Zack Snyder é a versão que o realizador sempre quis, mas que não podia fazer em 2017.

São várias as razões que o explicam. Em primeiro lugar, o estúdio queria que o próximo filme do universo DC não fosse tão escuro, filosófico e pesado como “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça”, de 2016, uma deceção em termos de bilheteira e de crítica. Zack Snyder tinha feito um plano para 5 filmes DC, “Homem de Aço” (2013), “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça” e uma trilogia da “Liga da Justiça”. As versões que apresentava ao estúdio do primeiro filme dessa trilogia não agradavam aos estúdios. Era uma luta constante e que o esgotava. No início de 2017, a filha de Zack Snyder suicida-se e pouco tempo depois o realizador retira-se do filme, para passar tempo com a família. A versão que se estreou em 2017 tem o nome de Zack Snyder nos créditos da realização, mas foi terminada – e muito alterada – por Joss Whedon. Snyder não gostou da forma como Whedon terminou o seu filme.

Os rumores de uma versão de Snyder começaram a surgir pouco depois. Rumores que rapidamente se tornaram públicos, uma vez que “Liga da Justiça” não agradou a muitos fãs e também foi um fracasso de bilheteiras. Os seguidores do universo DC criaram movimentos para que a versão de Snyder chegasse aos cinemas. Afinal, era uma visão coerente que o realizador estava a montar. E Snyder também o desejava. E ei-la, “Liga da Justiça de Zack Snyder”, uma versão de quatro horas (o dobro da duração da original), dividida em seis capítulos e um epílogo. O que muda? Nada de substancial para o espectador comum. É um filme que trabalha a mitologia dos seus super-heróis, dá-lhes história, sumo, trabalha a mitologia da forma que Snyder gosta: aproximando-os mais de deuses do que humanos.

O diretor de fotografia Fabian Wagner acompanhou este processo todo. Esteve com Snyder desde o início – não participou nas filmagens de Joss Whedon – e voltou a “Liga da Justiça” para ajudar o realizador a completar a sua visão. No seu currículo tem vários episódios de “Game Of Thrones”, incluindo um dos mais míticos: “Battle Of The Bastards”. Estivemos à conversa com ele, via Zoom.

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[o trailer de “Liga da Justiça de Zack Snyder”:]

Quando terminou as filmagens da “Liga da Justiça” com Zack Snyder, e depois de tudo o que aconteceu, alguma vez pensou que voltaria a elas?
Só queria clarificar que acabei as filmagens com o Zack Snyder em 2016, mas não voltei para as filmagens com o Joss Whedon em 2017. Não participei nessas filmagens.

Mas a pergunta mantém-se, alguma vez achou que o Zack Snyder voltaria à versão que queria fazer?
Para ser honesto, depois do que aconteceu, e o que aconteceu ao Zack – o trágico incidente na sua família –, que foi mais importante do que tudo o resto, não pensei mais no filme. À medida que os fãs iam ficando mais vocais, eu ia falando com o Zack. Eu sabia que ele tinha uma outra versão e também sabia que ele gostaria de mostrar a sua versão. Quando falava com ele ficava com a sensação de que um dia ele seria capaz de terminar a sua versão. Incrivelmente, isso aconteceu.

Que novas filmagens existiram para esta versão?
Filmámos durante alguns dias em Los Angeles, no final do ano passado. Muito do que está no filme, 97%, foi rodado em 2016.

E que cenas foram essas?
Não refizemos nenhuma cena. Quisemos só filmar novas cenas.

Que cenas?
A do fim, com o Jared Leto.

A ideia dessa última cena é uma prova de que o Zack quer continuar a trilogia da “Liga da Justiça”, como inicialmente tinha planeado. Também tem essa ideia?
Sim, quando conheci o Zack em 2015, logo no nosso primeiro encontro, ele falou do segundo filme da “Liga da Justiça”, ele já tinha a história planeada, do que iria acontecer. E era incrível ouvi-lo falar, porque ele construiu todo um universo. Ele tinha um plano claro sobre a trilogia.

O que o convenceu nessa altura a trabalhar com ele?
O facto de que ele é o Zack Snyder. Sempre gostei dele como realizador, gosto muito dos filmes dele. E do Larry Fong, que costuma ser o diretor de fotografia dos seus filmes. Ser convidado para entrar nesse universo… acho que ninguém rejeitaria essa possibilidade.

E como foi?
Ele é muito criativo, convence muito bem as pessoas, tem uma energia especial. Dá energia a toda a gente à volta dele e trabalha há anos com uma equipa fantástica.

Ele é teimoso?
Sim, mas é uma coisa positiva. Ele sabe exatamente o que quer. É teimoso, autoritário, mas também está disposto a ouvir as ideias dos outros. E é incrivelmente generoso em ouvir ideias e tentar perceber qual a melhor maneira de fazer as coisas. Eu estava à espera de só receber ordens, mas foi ótimo perceber que ele é muito aberto e que gosta de colaborar.

Estava por dentro do universo da DC Comics?
Gostava especialmente do Batman, quando era mais novo. E tinha visto os filmes. Gostei sempre dos filmes da DC.

Como é trabalhar em algo tão grande, que tem uma base de fãs tão grande?
É bom ter reações tão efusivas… melhor, é bom e mau. É arte, no final. E a arte provoca isso, nem toda a gente pode gostar do mesmo.

Imagens dos bastidores da rodagem de "Liga da Justiça de Zack Snyder"

Clay Enos

Voltando a esta versão da “Liga da Justiça”, quando soube que Zack Snyder iria fazer esta versão?
Como disse, eu sabia que ele tinha esta versão. Nunca pensei que aconteceria desta forma. Há cerca de dois anos comecei a perceber que seria possível que isto acontecesse. Tinha uma leve esperança que fosse acontecer. E sei o quão importante era para o Zack, ele saiu do filme para estar com a sua família. Foi uma grande decisão. Por isso, tinha sempre a esperança que ele conseguisse acabar o filme que queria fazer.

Já trabalhou em televisão, foi o diretor de fotografia de “Battle of the Bastards”, um episódio marcante de “Game Of Thrones”. “Liga da Justiça de Zack Snyder” foi planeado, inicialmente, para ser estreado nos cinemas, mas devido à situação atual, estreia primeiro nas plataformas de streaming. Como é para si, enquanto diretor da fotografia, viver nesta nova realidade em que provavelmente teremos muitos filmes a estrearem primeiro em streaming?
Espero que os cinemas abram em breve e que seja possível ver este filme no cinema. Mas acho que é algo que não podemos parar. É uma evolução que tem acontecido, há anos que toma esta direção, e devido à pandemia acelerou. Mas penso que a maior parte das casas têm televisões grande e conseguem ter uma boa experiência cinematográfica em casa. É o que é, não há nada a lamentar. É assim que as coisas estão a evoluir.

Mas momentos como os que existem em “Battle of the Bastards” parecem ter agora mais lugar na televisão do que no cinema.
Mas “Game Of Thrones” também não é o típico programa de televisão. Tem um orçamento maior do que muitos filmes. Acho que as coisas se andam a misturar bem hoje em dia.

Antes de Zack Snyder abandonar a “Liga da Justiça”, existia alguma conversa sobre alterar o tom do seu próximo filme da DC, devido às críticas em volta de “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça”, por ser muito pesado. Foi difícil para ele aceitar que teria de fazer um filme um pouco mais leve?
Sim, estava. Ele queria que a trilogia fosse diferente. A “Liga da Justiça” é um pouco mais leve, mas continua a ter o tom típico do Snyder. Acho que funciona bem naquele universo.

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