O Fidesz abandonou de forma definitiva, esta quinta-feira, o Partido Popular Europeu (PPE). A decisão surge duas semanas após a saída do partido de Viktor Orbán das bancadas do PPE no Parlamento Europeu. Objetivo do primeiro-ministro húngaro passa agora por reconstruir a direita europeia.

“Chegou o tempo de dizer adeus”, escreveu Katalin Novák, secretária de Estado para a Família e vice-presidente do Fidesz, no Twitter. “Notifico a presidência do PPE que o Fidesz já não pretende manter a sua adesão e, por isso, abandona-o”, indica a carta enviada ao secretário geral do PPE, Antonio López-Istúriz.

Donald Tusk, presidente do PPE, reagiu no Twitter à saída do Fidesz do grupo parlamentar, afirmando que o partido “abandonou a democracia cristã. Na verdade, já o tinha feito há muitos anos”. Na origem destas palavras, estão posições que aproximam o partido de Orbán à extrema-direita — apresentando uma retórica anti-imigração, eurocética e anti-islâmica.

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Com a saída do PPE, o primeiro-ministro da Hungria pretende ter o apoio da Polónia para o que chama reconstrução da direita europeia, contando também com o apoio do dirigente da Lega Norte, Matteo Salvini. Recentemente, Orbán declarou: “É necessário a existência de uma família política para pessoas como nós, que protegem a família, defendem a sua pátria, e pensam mais em termos de cooperação entre Estados-nação que em termos de império europeu”.

Apelou também à “construção sem o PPE de uma alternativa [de direita] para os cidadãos europeus que não querem migrantes nem multiculturalismo, que não caíram na loucura LGBTQ, que defendem as tradições cristãs da Europa”.

No início deste mês, o PPE distanciou-se destas posições de Orbán e aprovou com 84,1% uma reforma de estatutos que permitiria suspender os eurodeputados do Fidesz.

Fidesz, partido de Orbán, anuncia saída da bancada do Partido Popular Europeu

Em resposta, numa carta partilhada por Katalin Novak no Twitter e assinada por Orbán, o partido reagiu dizendo que se tratava de uma tentativa de “silenciar” os eurodeputados, sendo uma “jogada hostil contra o Fidesz”: “Enquanto centenas de milhares de europeus estão hospitalizados e os nossos médicos estão a salvar vidas, é extremamente dececionante ver que o grupo do PPE está paralisado pelos seus problemas administrativos internos e tenta silenciar e incapacitar os nossos eurodeputados eleitos democraticamente”.

“Os eurodeputados vão continuar a falar por quem representam, os eleitores, e a defender o melhor interesse do povo húngaro”, lê-se ainda na carta.