Usain Bolt sempre teve uma ligação especial a Inglaterra, estreitou essa conexão com os memoráveis Jogos de 2012 e enraizou ainda mais essa marca com os vários acordos comerciais que quase o eternizam em vários pontos da cidade de Londres. No entanto, teve apenas um clube que vinha já dos tempos da Jamaica, antes de atingir o topo do desporto mundial: Manchester United. O sonho de representar os red devils ficou adiado porque não se pode ter tanto jeito para tudo como tinha para a velocidade mas nem por isso o homem mais rápido do mundo abdica de falar da realidade da “sua” equipa, como aconteceu esta semana, em entrevista à CNN.

Bruno Fernandes assiste para o golo do dia (e para o falhanço do ano) mas United cede empate frente ao AC Milan

“A época tem sido brilhante. É fantástico mas preocupa-me saber que, se o Bruno não joga, parecemos tremidos. Não parecemos uma equipa, percebes? Ele tem que jogar todos os jogos mas adoro a energia dele e que queira jogar. Mesmo que estejamos a ganhar por dez, ele quer estar lá, e é assim que os jogadores devem ser. Se ele continuar assim, acredito que, na próxima época, com mais jogadores em torno dele, vai ser ótimo. Terá menos pressão. Fica com muito mais espaço para percorrer, para fazer ainda mais. Por isso, se ele continuar assim, vai ser fantástico”, comentou o velocista entre elogios ao internacional português, que antes tinha sido comparado num ponto em específico a Zlatan Ibrahimovic, grande ausente no jogo da primeira mão com o AC Milan naquele que seria o reencontro com a anterior equipa mas que estava já disponível a começar no banco em San Siro.

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“Pode dizer-se que há pontos em comum entre eles, sim. Mentalmente ambos são muito fortes e querem vencer jogos”, destacou Marcus Rashford, lançando também a deslocação a Itália depois do empate a um golo em Old Trafford. “É a atmosfera e a cultura deste clube e há algo que temos que começar a fazer: precisamos de começar a conquistar troféus e dar passos nessa direção. Este jogo é uma oportunidade para darmos um passo em frente. Vamos dar o nosso melhor para ganhar esta prova depois de termos saído da Liga dos Campeões”. E mais de um mês depois também o Manchester United tinha um regresso com Paul Pogba a voltar à ficha de jogo.

“Parabéns a este grandalhão! Um rapaz de classe, dentro e fora de campo. Sinto a tua falta em campo, Pogboom“, escrevera na segunda-feira Bruno Fernandes nas redes sociais, celebrando o 28.º internacional do médio francês que sofreu uma lesão muscular na receção ao Everton, no primeiro encontro que fez em fevereiro. E o regresso não podia ser melhor: por um lado, foi com a sua entrada ao intervalo que o Manchester United melhorou e muito em San Siro; por outro, marcou o golo que valeu a passagem aos quartos. Se Bolt deixou rasgados elogios a Bruno Fernandes antes do encontro e o português esteve em destaque sobretudo a partir do momento em que a equipa passou para a frente da eliminatória, Pogba também merecia pelo jogo que fez – e por ser decisivo.

Bruno Fernandes, a jogar mais no apoio ao tridente ofensivo com Daniel James, Rashford e Greenwood, deixou o primeiro sinal de perigo numa boa subida de Luke Shaw com cruzamento atrasado para o português rematar à entrada da área muito por cima mas o AC Milan foi globalmente melhor no primeiro tempo, ganhando a batalha do meio-campo e criando boas oportunidades por Kessié (12′), Saelemaekers (41′) e Krunic (45′) por ter um maior controlo do encontro e de todos os momentos com ou sem bola frente a um Manchester United muito longe de dar continuidade aos últimos resultados da Premier League que destacaram a equipa no segundo lugar.

Ao intervalo, Solskjaer tirou Rashford, recusou lançar Amad Diallo como tão bom resultado tinha dado na primeira mão e reforçou o corredor central com Paul Pogba. Aquilo que na teoria seria uma substituição mais de contenção tendo em conta as características de ambos acabou por ser na prática a chave para desbloquear o nulo. E foi até o francês que inaugurou o marcador apenas três minutos depois de ter entrado em campo, aproveitando uma total paragem da defesa rossoneri ao segundo poste com tempo para tudo antes do 1-0. Nesse quarto de hora inicial do segundo tempo o Manchester United foi melhor, marcou e teve outras aproximações com perigo; a partir daí, jogou mais em transições e contou ainda com um Dean Henderson seguro e com uma intervenção fantástica a cabeceamento de Zlatan Ibrahimovic naquela que foi a melhor oportunidade dos italianos para o empate.