789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

A introspeção e as ânsias de dançar. Começou a primeira edição digital do Portugal Fashion

Este artigo tem mais de 3 anos

O Portugal Fashion (visto a partir do sofá) começou assim: uma viagem poética de Katty Xiomara pelas ruas do Porto e uma rave libertadora patrocinada por Estelita Mendonça. Veja as imagens.

43 fotos

A 47ª edição do Portugal Fashion é algo de inédito. Faseada no tempo e exclusivamente virtual, arrancou na última quinta-feira mais uma ronda pelas propostas dos criadores de moda nacionais para o próximo outono-inverno. Nas coleções, encurtadas pelo contexto adverso que se prolonga há um ano, exibem ânsias de regressar à normalidade, mas também o discurso introspetivo próprio de quem, de repente, se viu confinando às paredes de um atelier ou até da própria casa, privado das habituais viagens e referências que alimentam o léxico criativo.

“Não há forma de fugir a isto, chegou ao mais íntimo de nós”, desabafa Katty Xiomara, um dos três nomes que figurou neste primeiro dia de apresentações digitais, em conversa com o Observador. Intimidade é uma boa porta de entrada na coleção “Aurora”, apresentada através de uma curta-metragem, escrita e musicada por Cati Freitas e que conta ainda com a participação de Sandra Barata Belo, João Salcedo, João Paulo Peças e Cátia Nicolau.

“É uma realidade que obviamente teve impacto na forma como trabalho. Dificultou todo o processo técnico e produtivo, mas sobretudo o criativo. Deixámos de ter acesso ao mundo de forma tão aberta, por isso tive de beber inspiração no facto de estar em casa, num pensamento mais voltado para dentro”, continua a designer. Entre leituras, redescobriu o conceito de fé — no divino, na ciência, até mesmo nas propriedades curativas do contacto humano. “O encontrar de um norte”, como resume.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A coleção nasceu daí e as referências mais literais saltam à vista: elementos da cartomancia, anjos, santos e escapulários estão presentes em estampados e bordados. As rendas concedem a algumas peças um toque clerical, ao passo que a paleta foi definida para se manter fiel aos quatro elementos da natureza: água, fogo, terra e ar. No vídeo, a coleção ganha vida com a música, a dança e a representação, sempre com o Porto como pano de fundo.

Uma dimensão poética do trabalho de Xiomara que convive com o pragmatismo assumido em contexto de crise. “Já há algum tempo que temos vindo a reduzir a quantidade de peças por uma questão de sustentabilidade. Com a pandemia então não faz mesmo sentido desenhar grades coleções porque as vendas estão a decorrer bastante a medo”, refere.

A coleção "Aurora" de Katty Xiomara

A designer continua a trabalhar na versatilidade do vestuário — peças multiformes e engenhosas que podem ser usadas de mais do que uma maneira e que também se adaptam facilmente a diferentes corpos. Outra das estratégias para contornar a retração do mercado tem sido “retrabalhar as peças assinatura da marca”. “O consumo está estagnado. Talvez a melhor forma de convencer o público a comprar seja apresentando peças que lhe digam alguma coisa”.

Estelita Mendonça: uma rave libertadora

Se há designer que vibra com o momento do desfile é Estelita Mendonça. A pandemia fê-lo renunciar ao desejo de percorrer a passerelle, embora tenha encontrado na música de Aqua Matrix e na videografia de Vasco Mendes um palco alternativo para contar a história da próxima estação fria, onde o desejo de liberdade assume a forma de uma rave dos anos 90. Escusado será dizer que nesta antevisão do futuro se dança, e muito.

“É uma coleção cápsula, inspirada no sonho do que nos apetecia fazer agora”, começa por explicar ao Observador. A partir das suas raízes no streetwear e no workwear, o designer criou flashes de cor e ainda apostou em materiais de de acabamentos metalizado e com aspeto de vinil. Numa altura em que tudo se complicou no acesso a fábricas e tecidos, Estelita recuperou uma velha fórmula, a reciclagem de tendas. “Faz parte da nossa identidade e é algo que queremos evidenciar ainda mais. Já que tudo é diferente, vamos fazer algo diferente”, assinala.

Fala num processo de “redescoberta da marca”, à boleia de um confinamento que ninguém desejou. Convidado a partilhar as conclusões, dá sinais de ter regressado às origens. “A ideia sempre foi trabalhar o vestuário masculino de forma completamente livre de todos preconceitos associados à forma de vestir. E conforto e sustentabilidade foram algo que sempre trabalhámos”, continua.

Das tendas faz casacos, da mesma forma que continua a reaproveitar stocks parados de tecidos para combater desperdício, uma missão que, chegado a 2021, passa também por reduzir o tamanho da coleção. “Há muitos anos que não faz sentido fazer coleções gigantescas. Numa marca pequena como a minha, e como 90% das marcas em Portugal, fazer peças que depois não são compradas nem produzidas é criar desperdício”, admite.

“Um compromisso entre o interessante e o vendável” orienta esta versão depurada e repensada da marca Estelita Mendonça, que quer retomar os desfiles convencionais mal seja possível. Reciclar e reaproveitar, dois dos verbos que continuam a aquecer indústria da moda, é a carta na manga (para não dizer o trunfo) para um futuro incerto. “Havia sempre receio por parte de quem comprava — as peças iam ser diferentes –, mas eles vão aprendendo. Hoje, o mercado está cada vez mais aberto”.

A coleção "Raver Camping" de Estelita Mendonça

O primeiro dia da 47ª edição do Portugal Fashion contou ainda com a apresentação de Maria Carlos Baptista. A vencedora do concurso Bloom marcou presença no calendário de eventos da Semana da Moda de Paris, no início do mês. O mesmo vídeo foi agora recuperado em âmbito nacional. Esta sexta-feira, também ao início da noite, são esperadas as apresentações de Inês Torcato, Maria Gambina e Miguel Vieira.

Na fotogaleria, veja as coleções de Katty Xiomara e Estelita Mendonça.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora