Um juiz negou esta sexta-feira um pedido da defesa para adiar o julgamento do ex-polícia acusado pela morte de George Floyd, após ter sido conhecido um acordo extrajudicial com a família do afro-americano.

Esta semana, o juiz do tribunal de Minneapolis Peter Cahill convocou sete jurados e questionou cada um deles para descobrir o que sabiam sobre o acordo extrajudicial que a Câmara Municipal tinha estabelecido com a família de Floyd, no valor de 27 milhões de dólares (cerca de 23 milhões de euros) e se isso afetaria a sua capacidade de participar no julgamento.

A questão foi levantada por Eric Nelson, advogado do ex-polícia Derek Chauvin, acusado da morte por asfixia do afro-americano George Floyd, em maio do ano passado, que suscitou uma vaga de manifestações contra o racismo e a violência policial, que pediu o adiamento do julgamento, alegando que o conhecimento do acordo extrajudicial com a família do afro-americano poderia influenciar o comportamento dos jurados.

Esta sexta-feira, o juiz Cahill disse que manteria o calendário do julgamento, numa decisão que constitui um golpe para a defesa de Derek Chauvin.

Eric Nelson classificou o momento do anúncio do acordo, que aconteceu na semana passada, a meio da seleção do júri, como “profundamente perturbador” e “injusto”, pedindo o adiamento do julgamento. Contudo, o juiz Cahill, que admitiu que o momento de conhecimento do acordo foi “infeliz”, disse que um adiamento não faria nada para conter o problema invocado pela defesa.

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Relativamente a um outro pedido da defesa, Cahill aprovou que fossem ouvidas testemunhas sobre um processo, de 2019, em que Floyd foi detido por causa da posse de drogas, embora tenha determinado que as audições sobre esse caso devem limitar-se ao estritamente necessário para compreender a morte do afro-americano em 2020.

Nelson argumentou que as semelhanças entre os dois casos são relevantes, mas o procurador Matthew Frank disse que a defesa apenas procura uma forma de retratar Floyd como um criminoso, para tentar salvaguardar as responsabilidades do ex-polícia.

Chauvin é acusado de assassínio e homicídio culposo, no caso da detenção de George Floyd, em 25 de maio de 2020, que foi declarado morto após o ex-polícia ter pressionado o joelho contra o seu pescoço durante cerca de nove minutos. A morte de Floyd, capturada num vídeo amplamente divulgado nos ‘media’ e nas redes sociais, desencadeou uma enorme vaga de manifestações em diversas cidades contra o racismo e a violência policial.