O governo alemão vai suspender de novo em 2022 as regras constitucionais de rigor orçamental, devido à persistência da pandemia de Covid-19, que continua a penalizar a economia, indicaram esta segunda-feira fontes ministeriais.

A Alemanha prevê contrair 81,5 mil milhões de euros de novos empréstimos em 2022, afastando-se pelo terceiro ano consecutivo das regras destinadas a travar o endividamento, que impedem que sejam contraídos empréstimos anuais superiores a 0,35% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2021, Berlim vai contrair 240,2 mil milhões de euros de dívida, ou seja, um terço acima do inicialmente previsto em dezembro. Será apresentado na quarta-feira um orçamento retificativo em Conselho de Ministros. O governo alemão tinha sempre dito que queria regressar ao rigor orçamental em 2022, depois de uma suspensão das regras em 2020 e 2021. Agora, há a vontade de voltar ao equilíbrio orçamental em 2023.

Este adiamento deve-se à persistência da crise sanitária num país afetado por uma terceira vaga da pandemia. As previsões orçamentais tinham sido feitas com base em medidas de confinamento que estariam em vigor até 10 de janeiro, esperando-se depois uma “normalização” progressiva, segundo fontes da imprensa citadas pela AFP. O aumento recente das infeções faz com que a chanceler Angela Merkel tenha novas reuniões com dirigentes regionais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O país, que mantém as lojas de bens não-essenciais encerradas desde dezembro, deve continuar a apoiar em larga escala a economia, o que penaliza o orçamento.

Desde o início da crise, Berlim concedeu mais de 114 mil milhões de euros de apoio às empresas, sobre a forma de pagamentos parciais de subsídio de desemprego, empréstimos com garantias e ajudas diretas. A Alemanha iniciou em junho passado um vasto programa de relançamento e de investimentos para impulsionar a economia, após a primeira vaga da pandemia.

Os gastos de investimento subiram 38% para 50,3 mil milhões de euros em 2020 e podem atingir 61,9 mil milhões de euros em 2021. A despesa já fez com que a dívida pública subisse para 75% do PIB em 2021, mais 15 pontos desde o início da crise.

O governo alemão prevê um crescimento de 3% em 2021 e um regresso a um nível anterior ao da crise a meio de 2022, após um recuo de 4,9% em 2020.