Os salários de fevereiro dos 2.400 trabalhadores da SPdH/Groundforce já foram pagos, com recurso às verbas recebidas da TAP no âmbito do acordo celebrado na sexta-feira (dia 19) com a companhia, segundo a Comissão de Trabalhadores (CT).

Conforme adiantou esta segunda-feira à agência Lusa João Alves, da CT da SPdH (Serviços Portugueses de Handling, comercialmente designada Groundforce Portugal), alguns trabalhadores receberam a transferência bancária ainda na sexta-feira (por terem conta domiciliada no mesmo banco da entidade pagadora), estando os restantes a recebê-la desde as 00h00 desta segunda-feira.

O pagamento dos salários de fevereiro que estavam em atraso foi concretizado após o acordo alcançado na quinta-feira – e fechado na sexta-feira – entre a administração da Groundforce e a TAP e que prevê a venda à companhia aérea, por cerca de sete milhões de euros, dos equipamentos da empresa de handling (assistência nos aeroportos), que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material. Em causa estão ativos como tratores, escadas, autocarros e todo o tipo de equipamentos utilizados na prestação de serviços nos aeroportos.

O Conselho de Administração (CA) da Groundforce deu na sexta-feira luz verde ao acordo com três votos a favor (dos dois administradores nomeados pela TAP e do presidente executivo, Paulo Leite), a abstenção do presidente do CA, Alfredo Casimiro, e um voto contra, segundo disse à Lusa fonte ligada ao processo. O acordo permitiu desbloquear provisoriamente o impasse na empresa, possibilitando o pagamento de salários e impostos em atraso, enquanto se procura uma solução para as restantes verbas de que a companhia necessita para fazer face aos prejuízos causados pela pandemia.

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Após o final da reunião do CA da Groundforce, a TAP informou que já tinha procedido “às transferências necessárias ao pagamento dos salários” na SPdH/Groundforce, garantindo ainda que “processará no dia próprio os pagamentos devidos aos trabalhadores da SPdH e relativos aos salários de março de 2021”.

Ouvido na quinta-feira pela comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, o dono da Pasogal e acionista maioritário da Groundforce, com 50,1% das ações, Alfredo Casimiro, disse que esta solução da venda de ativos à TAP era um “balão de oxigénio” de dois meses, mas, se não forem disponibilizados mais fundos, a empresa “vai definitivamente para a falência”. Em cima da mesa continua a estar um aumento de capital de 6,97 milhões de euros, que Alfredo Casimiro disse ter “capacidade financeira” para aceitar, mas antes tem de perceber qual será o futuro da TAP na empresa de handling, uma vez que o contrato de prestação de serviços entre as duas empresas termina em 2022. Para ir ao aumento de capital, Alfredo Casimiro pretende obter por parte da TAP garantias de que o contrato de prestação de serviços será renovado por cinco anos e, posteriormente, por mais cinco.

Quanto ao empréstimo com aval do Estado de 30 milhões de euros das linhas Covid, a solução que a Pasogal prefere, tem de ser encontrada uma solução para as garantias pedidas pelo Governo (as ações de Casimiro na Groundforce, que já estão empenhadas).

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.