O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse esta segunda-feira estar “confiante” de que a União Europeia (UE) irá conseguir coordenar com a nova administração dos Estados Unidos da América (EUA) as ações relativas à Venezuela.

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente do executivo comunitário avançou que pretende abordar a questão venezuelana na reunião prevista para quarta-feira (dia 24 de março) com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que estará esta semana em Bruxelas para encontros ao nível da NATO e do bloco europeu.

Nas mesmas declarações, após o Conselho de Negócios Estrangeiros que decorreu em Bruxelas, Josep Borrell lembrou que com a anterior administração norte-americana, presidida pelo republicano Donald Trump, não existiu uma coordenação entre Washington e a UE sobre a Venezuela, uma vez que as partes tinham visões “completamente diferentes”.

Com a nova administração, liderada pelo democrata Joe Biden, “estou confiante de que será possível coordenar as ações sobre a Venezuela e pensar como abordar a situação no país“, disse Borrell.

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Na reunião desta segunda-feira do Conselho de Negócios Estrangeiros foi analisada a situação naquele país da América do Sul após a embaixadora da UE em Caracas, a diplomata portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, ter sido declarada ‘persona non grata’ pelo governo venezuelano liderado por Nicolás Maduro, em retaliação das sanções adotadas pelo bloco comunitário visando responsáveis venezuelanos.

Em fevereiro passado, a UE adicionou 19 pessoas à lista de sanções que visam personalidades do regime venezuelano, devido ao seu “papel em atos e decisões que minam a democracia e o Estado de Direito” no país. Isabel Brilhante Pedrosa deixaria a Venezuela no início de março.

A estabilização e redemocratização do país é possível, mas requer esforços consistentes“, afirmou Borrell, que acrescentou que os 27 da UE vão continuar a trabalhar nesse sentido.

A Venezuela, país que conta atualmente com cerca de 28 milhões de habitantes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social. O país conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.

O chefe da diplomacia europeia considerou ainda “muito importante” e “positivo” o acordo alcançado entre o governo de Maduro e a oposição venezuelana para que exista um pedido ao Departamento de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) dos EUA (estrutura do Departamento do Tesouro) para aceder a fundos venezuelanos retidos em território norte-americano.

Tais fundos serão utilizados para pagar 12 milhões de vacinas contra a doença Covid-19 através da plataforma internacional COVAX, iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa assegurar o acesso global e equitativo às vacinas, em particular nos países mais pobres.

Caberá à oposição venezuelana fazer o pedido, uma vez que os EUA reconhecem o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela desde a sua autoproclamação em janeiro de 2019.

O chefe da diplomacia europeia acrescentou, por outro lado, que as próximas eleições regionais e locais na Venezuela (previstas para 2022) poderão “trazer uma nova oportunidade para ser alcançado um acordo entre o governo e a oposição”, algo que “não foi possível nas (últimas) eleições legislativas”. “Faremos o possível para ajudar”, concluiu.