Centenas de refugiados sírios no Líbano são vítimas de abusos por parte das autoridades do país, que permitem tortura, detenções arbitrárias e deportações para a Síria, violando as leis internacionais, refere um relatório da Amnistia Internacional.

O documento da organização não-governamental divulgado terça-feira indica ainda que desde 2014 o grupo terrorista Estado Islâmico começou a infiltrar-se no Líbano, através da fronteira síria, misturando-se entre os refugiados civis.

Marie Forestier, investigadora da Amnistia Internacional (AI), reportou 26 casos em que, sob o pretexto da luta contra o terrorismo, refugiados sírios, incluindo quatro crianças, foram presos de forma “injusta”. Muitos outros detidos informaram que foram submetidos a métodos de tortura semelhantes aos que são praticados nas prisões sírias, como o uso de choques elétricos ou simulação de execuções.

A AI incluiu no relatório casos de deportações de refugiados para a Síria sob acusações infundadas de terrorismo.

“Desde o início da revolução síria, até ao momento, alguns serviços de segurança libaneses tentaram deportar para a Síria refugiados civis”, disse Mohamed Sablouh, um dos entrevistados pela investigação da AI.

O relatório menciona o princípio internacional que “proíbe os Estados de enviarem pessoas para um local onde correm riscos de violação grave de direitos humanos como a perseguição, tortura ou pena de morte”.

Segundo a Amnistia Internacional, encontram-se no Líbano mais de um milhão e meio de refugiados sírios. O Ministério da Justiça do Líbano indicou à AI que até 2019 deportou 6.002 sírios, sem especificar quantos foram acusados de “terrorismo”. Entre as vítimas das detenções arbitrárias sob a acusação de terrorismo constam menores de idade e mulheres, utilizados como forma de pressão junto dos familiares, e que sofrem agressões físicas violentas e violações sexuais.

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