O ministro dos Negócios Estrangeiros informou esta terça-feira que Portugal propôs ao secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a organização de uma cimeira UE-NATO, que servirá para motivar um processo de complementaridade entre as duas organizações.

Nós temos uma proposta que fizemos ao secretário-geral da NATO, que o secretário-geral da NATO já incorporou nas suas recomendações e que vários países que intervieram deram o seu apoio, que é a proposta de realização, pela primeira vez, de uma cimeira entre a NATO e a União Europeia (UE)”, disse Augusto Santos Silva à Lusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros falava após o primeiro dia da cimeira dos chefes de diplomacia da NATO, que ocorreu presencialmente em Bruxelas, e em que um dos temas em debate foi o processo de reflexão NATO 2030, que prevê projetar o futuro da Aliança, e que inclui o reforço da cooperação entre a UE e a NATO.

Frisando que a ideia de uma cimeira UE-NATO “pode parecer uma coisa aparentemente estranha“, Augusto Santos Silva defendeu que não o é porque “há vários aliados muito importantes da NATO que não são membros da UE”, dando o exemplo dos Estados Unidos, da Turquia ou de países europeus como a Noruega ou a Macedónia do Norte.

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Além disso, a cimeira mostrará também que “é muito importante para um país como Portugal que seja claro que para todos que o reforço da defesa europeia é automaticamente o reforço do pilar europeu da NATO”.

Não são dois processos diferentes, muito menos são dois processos concorrentes, são processos complementares e essa complementaridade entre as duas organizações, que são organizações naturalmente de natureza diferente, por isso é que podem ser complementares, é muito importante, quer para o futuro da NATO, quer para o presente da UE”, defendeu.

Numa reunião que contou, pela primeira vez, com a presença física do novo secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, o ministro dos Negócios Estrangeiros chamou a atenção para a intervenção inicial do responsável dos Estados Unidos, que “disse que estava ali, em primeiro lugar, para reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com a Aliança atlântica”.

“Esse é, sem dúvida nenhuma, o ponto mais importante deste primeiro dia da nossa reunião, esta reafirmação, a importância do que nós chamamos o laço transatlântico, quer para os europeus, quer para os norte-americanos”, destacou.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) encontra-se atualmente num processo de reflexão, intitulado NATO 2030, e que deverá levar a uma revisão do atual conceito estratégico da Aliança, que data de 2010. Segundo o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a entrada em funções do novo Presidente norte-americano, Joe Biden, é uma “oportunidade única” que a Aliança deve aproveitar para abrir um “novo capítulo das relações transatlânticas”.