O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou esta segunda-feira que o Presidente russo, Vladimir Putin, é, “em última análise, responsável por todas as ações do Estado russo“, notando um “padrão de comportamentos agressivos” do Kremlin, que inclui “assassínios seletivos”.

O Presidente Putin é, claro, em última análise, o responsável por todas as ações tomadas pelo Estado russo e temos visto um padrão de comportamentos agressivos, incluindo tentativas e assassínios seletivos de opositores e, na NATO, também estamos muito preocupados com os relatos de que a Rússia promete recompensas pelas mortes de soldados da NATO no Afeganistão”, apontou o secretário-geral.

Jens Stoltenberg falava durante uma conferência de imprensa de antecipação da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança, que decorre presencialmente em Bruxelas entre terça e quarta-feira, que respondia a uma pergunta sobre se também considerava Putin um “assassino“, tal como foi caracterizado pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na semana passada.

Frisando que as relações entre a NATO e a Rússia são “difíceis há já algum tempo“, Stoltenberg disse que isso se deve ao “comportamento” de Moscovo, que “viola a lei internacional, usa força militar contra vizinhos – como a Geórgia ou a Ucrânia – (…) e é responsável por ações agressivas contra Estados-membros da NATO, através da ciberinterferência nos processos políticos”.

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Este padrão de comportamento russo ao longo dos anos motivou a maior adaptação da Aliança desde o fim da Guerra Fria, com uma alta preparação das forças, mobilização de grupos de combate na parte oriental da Aliança, maior investimento e, claro, o aumento dos nossos esforços no que se refere à ciberdefesa”, sublinhou.

Stoltenberg qualificou o comportamento russo de “inaceitável” e sublinhou que a Aliança continuará a ser “firme e forte” no que se refere às suas relações com a Rússia, mantendo, no entanto, uma “abordagem de duas vias que procura dar espaço para um “diálogo com significado” com o Kremlin.

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“Iremos continuar a manter a nossa abordagem de duas vias – dissuasão e defesa, combinada com o diálogo – porque temos de falar com a Rússia, em parte para procurarmos uma relação melhor, mas, mesmo que não a atinjamos, para gerirmos uma relação difícil com o nosso vizinho (…), que inclui o controlo de armamento”, destacou.

Nesse âmbito, Stoltenberg referiu o acordo, alcançado entre os Estados Unidos e a Rússia em fevereiro, para prolongar o pacto de limitação de armas nucleares New START.

Saudamos que, apesar de todas as dificuldades, apesar do aumento das tensões, os Estados Unidos e a Rússia foram capazes de concordar na extensão do acordo New START, que é um acordo de controlo de armas extremamente importante”, salientou.

O secretário-geral informou ainda que, durante a reunião desta semana, os chefes da diplomacia da NATO irão abordar a relação da Aliança com a Rússia, tendo também convidado os ministros dos Negócios Estrangeiros da Finlândia e da Suécia (que não fazem parte da Aliança) e o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, para participarem no debate.

A conversa dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO sobre este tema irá assim preceder um “debate estratégico” que os líderes dos 27 Estados-membros da UE irão ter entre quinta e sexta-feira também sobre a Rússia.

A discussão entre os chefes de diplomacia da NATO surge após, na semana passada, Joe Biden ter acusado Putin de ser um “assassino“, e prevenindo que o líder russo irá “pagar as consequências” se ficar provado que interferiu nas eleições norte-americanas. Em resposta, o Presidente russo lembrou a sua juventude, referindo que ele e os seus amigos respondiam aos insultos com a provocação: “quem diz é quem o é“.