Portugal tem um dos parques automóveis mais envelhecidos da Europa, com mais de um milhão de veículos com mais de 20 anos, ou seja, 15,4% dos carros que circulam nas estradas. A crise trazida pela pandemia veio minar a confiança do consumidor e tão pouco ajudou o encerramento temporário dos stands, afastando assim os clientes que preferem adquirir um carro novo pela via tradicional e não online. As conclusões do mais recente estudo do Observador Cetelem são reflexo disso, ao concluírem que um em cada três portugueses prefere adquirir um veículo usado em vez de um zero quilómetros neste contexto de crise.

A pesquisa, que envolveu 10.000 pessoas (500 em cada um dos 15 países inquiridos, excepto 3000 em França), revelou que os portugueses figuram entre os consumidores que mais consideram atractiva a compra de um veículo usado, a par dos polacos, sul-africanos, holandeses e franceses. Um em cada três portugueses questionados nesta pesquisa disse considerar que, nas actuais circunstâncias, a aquisição de um automóvel em segunda mão é a melhor opção.

Portugal é, tradicionalmente, um mercado onde o peso do comércio de veículos usados supera a transacção de viaturas novas. Uma tendência que se deverá manter nos próximos tempos, a avaliar pelas justificações avançadas pelos inquiridos. “Num contexto em que a tensão económica impactou fortemente as famílias, o mercado de usados faz a diferença, uma vez que dispõe de um orçamento menor para gastar na compra de um novo veículo. O Observador Cetelem Automóvel 2021 procurou identificar os argumentos que reforçam o valor dos usados e destacaram-se a diferença de preço, em comparação com um novo, ser significativa (48%) e um novo modelo desvalorizar de forma mais rápida (34%)”, conclui o estudo.

Outra das conclusões prende-se com a idade dos veículos adquiridos. Os usados com menos de um ano são considerados “um bom compromisso” por um em cada quatro inquiridos (25%), enquanto um em cada cinco (20%) os encara como “uma maneira económica de ascender a uma gama superior”. De recordar que a idade média do parque automóvel português tem vindo a subir, fixando-se nos 12,7 anos segundo os últimos dados fornecidos pela Associação Automóvel de Portugal.

O estudo citado baseia-se em 10.000 entrevistas online a pessoas entre os 18 e os 65 anos, “representativas de cada país” por via da observância de quotas (sexo e idade). O trabalho contemplou 15 países (África do Sul, Alemanha, Bélgica, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão, Holanda, Polónia, Portugal, Reino Unido e Turquia), tendo-se verificado a nível global que, em média, “25% das próximas compras” de carro recairão em viaturas usadas.

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