O jornalista da Associated Press preso em Myanmar (antiga Birmânia) no mês passado durante os protestos contra o golpe militar de 01 de fevereiro foi libertado esta quarta-feira.

O jornalista, Thein Zaw, disse em contactos telefónicos com a Associated Press e familiares que foi libertado depois de ter sido ouvido pela segunda vez em tribunal. Enquanto se dirigia para casa, o jornalista disse que o juiz arquivou o caso afirmando que tinha sido detido quando se encontrava a trabalhar.

“Estou ansioso para me encontrar com os meus familiares”, disse Thein Zaw lamentando que outros camaradas de profissão “ainda estejam presos”.

Thein Zaw tinha sido acusado de violação da ordem pública, uma acusação que pode ser punida com três anos de prisão efetiva.

Vários jornalistas foram detidos quando faziam a cobertura jornalística das manifestações de protesto em Rangum.

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Desde o dia 01 de fevereiro, quando os militares tomaram o poder na Birmânia, cerca de 40 jornalistas foram detidos enquanto se encontravam a exercer a profissão.

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A Associated Press, e várias organizações que lutam pela liberdade de expressão, pediram de imediato a libertação de Thein Zaw e dos outros jornalistas presos.

A Associated Press está profundamente aliviada com a libertação do jornalista da AP, Thein Zaw, preso na Birmânia”, disse Ian Phillips, vice-presidente da empresa de comunicação social.

“O nosso alívio não é completo porque outros jornalistas continuam detidos. Nós pedimos à Birmânia para libertar todos os jornalistas e que lhes seja permitido reportar em segurança o que está a acontecer no país”, acrescentou.

Thein Zaw foi preso no momento em que fotografava polícias armados durante um protesto contra o golpe de Estado. Imagens captadas em vídeo mostram que, apesar de se ter afastado do desfile, o jornalista foi cercado pelos polícias que o algemaram. 

Até ao momento, Thein Zaw esteve na prisão de Insein – que durante muitos anos manteve encarcerados presos políticos – e que desde fevereiro é usada para prender centenas de manifestantes.  Tin Zar Oo, advogada de Thein Zaw, só foi autorizada a contactar o cliente uma vez, por vídeo conferência, antes da audiência que decorreu no passado dia 12 de março e que prolongou o regime de prisão preventiva até quarta-feira.