Marcelo Rebelo de Sousa já terminou a habitual ronda pelos partidos antes de enviar a proposta de decreto de estado de emergência à Assembleia da República e continua com a garantia, do PSD, que todos os diplomas de estado de exceção que considerar necessários serão aprovados. Rui Rio foi, uma vez mais, claro garantindo que o PSD irá “sempre dar base legal” para que as medidas necessárias ao combate à pandemia da Covid-19 sejam postas em prática. Depois de na terça-feira ter ouvido PEV, PAN, IL, Chega e CDS, esta quarta-feira foi a vez de PCP, BE, PSD e PS reunirem através de videoconferência com Marcelo. O diploma passará com os votos a favor dos socialistas, PSD, CDS, PAN e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues, que confirmou ao Observador o voto favorável (ainda que possa ser a última vez que o fará).

PSD e PS alertam para crescimento do R(t). “Esforço terá de continuar”

Já Rui Rio aproveitou as declarações à saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, para encarnar uma atitude pedagógica e deixar recados aos portugueses e ainda ao Governo. O primeiro alerta foi direto para os portugueses: Rio notou que o valor do R(t) tem vindo a subir, com o desconfinamento, situando-se atualmente nos 0,89.

“Se passar o 1 temos que andar para trás. É importante que o Governo não falhe, mas também é muito importante que os portugueses tenham consciência que têm de cumprir o que são as regras, se não cumprirem vai ser pior”, disse.

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Já ao Governo, o PSD pede um reforço no controlo fronteiriço e dos testes e capacidade de vacinar os portugueses. “O plano é para prosseguir, desconfiar mais um pouco, mas muito atento aos indicadores que indicam a possibilidade e o fazer”, apontou Rio garantindo a aprovação dos estados de emergência enquanto estes forem necessários para as medidas a aplicar. “Base legal vou dar sempre, era o que faltava o PSD não dar”, disse Rio.

No PS, José Luís Carneiro deixou no ar que a continuidade do estado de emergência até ao final de abril dependerá de nova reunião de especialistas no Infarmed, mesmo depois de Marcelo já ter admitido que poderá estender-se até maio e ter passado essa ideia aos partidos ouvidos na terça-feira.

“Será no decurso da reunião do Infarmed com os epidemiologistas que haverá nova decisão relativamente ao que fazer. Portanto, as decisões que estamos a tomar exigem uma permanente reavaliação, ponderação dos indicadores e, em consequência, um conjunto de medidas em conformidade com esses mesmos indicadores”, afirmou o secretário-geral adjunto do PS.

O facto de o R(t) estar a crescer, tendo alcançado já os 0,9 esta semana e da variante inglesa estar já em cerca de 80% dos casos conhecidos traduzem “riscos” que confirmam a necessidade de “continuar o esforço”, notou José Luís Carneiro.

PCP e Bloco preocupados com fim das moratórias e falta de apoios a empresas e famílias

Das bancadas à esquerda, Marcelo ouviu esta quarta-feira preocupações relativas aos apoios que não estão a chegar às famílias e empresas e alertas para a necessidade de aumentar a capacidade de testagem e rastreio.

Jerónimo de Sousa frisou que é necessário “reforçar as estruturas das equipas de saúde pública de forma criar condições” para um correto acompanhamento dos casos positivos e respetivos contactos. Além disso, acrescentou ainda  Jerónimo de Sousa é necessário que o Governo passe dos anúncios à concretização das verbas no que diz respeito às medidas económicas e sociais.

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, deixou claro que considera que “não tem sentido que o estado de emergência se prolongue indefinidamente” uma vez que este “é o sinal vermelho que precisamos quando há uma necessidade de recuo nas medidas” e pediu “atuação rápida do Governo” em relação às moratórias. O Bloco pede “que o Governo atue rapidamente para proteger as famílias e as empresas”, considerando que estas “não podem ver as suas moratórias acabarem já na próxima quarta-feira”. “É uma situação de uma violência que não podemos permitir”, apontou lembrando que uma em cada cinco famílias tem uma moratória que termina no final do mês.