O Tribunal de Faro pediu esta terça-feira a realização de mais diligências no caso do luso-canadiano acusado de raptar e violar duas mulheres no Algarve para esclarecer o momento e as circunstâncias da saída das alegadas vítimas de Portugal.

Na sessão agendada para esta terça-feira, em que deviam ter sido apresentadas as alegações finais, Ana Lúcia Cruz, que preside ao coletivo de juízes, decidiu pedir mais diligências à PSP, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e Consulado do Brasil.

Ao SEF será solicitada informação sobre a data de saída da britânica Lauren Caton do país e, ao Consulado do Brasil, informação sobre as datas da eventual deslocação da outra alegada vítima, Layla da Silva, àquele organismo.

Segundo a juíza que preside ao coletivo que está a julgar o caso, o objetivo do tribunal é perceber se foi emitido algum novo passaporte, título de viagem ou documento análogo que permitisse à cidadã brasileira viajar para fora de Portugal.

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O tribunal pretende ainda solicitar a morada de uma das agentes da PSP que se deslocou ao Fórum Algarve, em Faro, no dia 05 de junho de 2019, após Lauren Caton ter pedido ajuda a um funcionário daquele centro comercial através de uma mensagem escrita num papel. Segundo o tribunal, a agente não pôde comparecer na sessão anterior do julgamento, por se encontrar de baixa médica, mas o coletivo de juízes pretende ainda ouvi-la.

Durante a sessão, a pedido do advogado de defesa do luso-canadiano, foram apresentados vários vídeos, fotos e mensagens trocadas por telemóvel entre o arguido e as alegadas vítimas no dia 04 de junho 2019.

A Donald Fernandes foi solicitado que enquadrasse os referidos vídeos e os comentasse, explicando onde terão sido filmados e em que circunstâncias. Segundo o advogado João Nabais, os registos pretendem mostrar que “na véspera do episódio no Fórum Algarve, em 04 de junho, a situação estava ótima entre eles”.

Em declarações aos jornalistas à saída da sessão, o advogado refere que os vídeos registam o arguido com a sua namorada, Soukayna El Khayati, e Lauren, que estava “a rir, contentíssima, bem-disposta e feliz”.

“O que se pretendeu demonstrar é que era aquilo mesmo. Reinava, pelo menos, uma aparente felicidade”, concluiu.

O advogado revelou desconhecer o paradeiro das duas alegadas vítimas, que nunca se apresentaram em tribunal, frisando que Lauren “ainda permaneceu em Portugal algum tempo” e que Layla se terá “ausentado para Itália”.

Questionado sobre as novas diligências solicitadas esta terça-feira, assumiu não entender a sua importância para o processo, mas disse respeitar a decisão do tribunal, frisando que o arguido quer colaborar ativamente “para a descoberta da verdade”.

Donald Fernandes, de 36 anos, está acusado de 14 crimes, entre os quais o rapto de duas mulheres em dias distintos do mês de maio de 2019, que depois terá alegadamente violado, agredido e ameaçado de morte.

Segundo a acusação, Layla da Silva e Lauren Caton terão ficado retidas vários dias numa casa do acusado em Boliqueime, Loulé, onde alegadamente foram vítimas de violação, ofensas, agressões várias e ameaças de morte, tendo Layla conseguido fugir no dia 21 de maio de 2019.

Ao longo das várias sessões, o arguido, em prisão preventiva desde 09 de janeiro de 2020, negou todas as acusações, sublinhando que é tudo mentira e sugerindo que ambas poderão ter combinado incriminá-lo.

O julgamento tem nova sessão marcada para 19 de abril às 09h30.