A realidade dos treinadores que trabalham no Brasil é paralela àquela que se vive nos outros países. Não há tempo para projetos a longo prazo, não há espaço para esperar por resultados e se uma solução não está a funcionar depressa se encontra outra. Ao longo de uma temporada, de uma forma generalizada, os clubes têm quase sempre mais do que um treinador — e os treinadores, do seu lado, trabalham para mais do que uma equipa ao longo da época. Contudo, a verdade é que tudo pode estar perto do fim.

Esta quarta-feira, a Confederação Brasileira de Futebol aprovou uma proposta que visa restringir o número de treinadores que cada clube pode contratar ao longo de uma temporada, colocando um limite máximo de dois. Quanto aos técnicos, também eles têm regras novas, já que só podem demitir-se duas vezes — caso abandonem, pelo próprio pé, dois clubes diferentes na mesma época, sabem à partida que só poderão voltar a trabalhar no ano seguinte. E é precisamente aqui, na questão dos despedimentos e das demissões, que está a brecha que será explorada pelos clubes brasileiros.

A limitação de dois treinadores só se aplica em caso de despedimento: ou seja, se um clube despedir um treinador e o segundo se demitir, continua a poder contratar outro, já que as demissões não entram nesta contabilidade. Caso a equipa decida, por algum motivo, despedir dois treinadores, a solução terá de ser interna e não existirá a possibilidade de uma terceira contratação — um adjunto pode assumir o cargo, um técnico da equipa B pode subir à principal ou pode ser encontrada qualquer outra alternativa que passe por um funcionário que já estava previamente na estrutura.

A proposta foi apresentada por Rogério Caboclo, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e já tinha sido chumbada noutras ocasiões. Agora, passou com 11 votos a favor e nove contra (num universo de 20 clubes) e entra em vigor já na próxima temporada. De recordar que, atualmente, existem dois treinadores portugueses no Brasileirão: Abel Ferreira, ao comando do Palmeiras, e António Oliveira, no Athl. Paranaense.

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