O cliché vai impor-se sempre, sobretudo numa altura em que o confinamento nos priva de muitas das cores que o equinócio trata de reavivar. Mas falar de flores na primavera é também o pretexto ideal para revisitar as lojas e os negócios online que vingaram no último ano. Mais do que o clássico bouquet para celebrar ocasiões especiais, o novo dia-a-dia em casa trouxe-nos de volta o impulso de decorá-la com flores. Frescas? Não necessariamente, até porque as espécies preservadas (ou secas) têm crescido em popularidade e não ficam nada atrás em termos de cor.

Do desafio para semear, colher e secar flores sem sair de casa lançado pela FLO aos novos projetos que combinam arranjos e peças em cerâmica, como a Flor de Bananeira e o Quintal de Flor, a área tem estado a distanciar-se das tradicionais floristas, embora também estas se estejam a reinventar. Algumas nem de um espaço físico precisam, estão à distância de uma direct message no Instagram. A inovação não fica por aqui — em Lisboa, um casal russo fez o paring entre design floral e cocktails, numa forma original de brindar à primavera.

Florascape

Flores secas com envios para todo o país

Não se fique pelo viço das flores acabadas de colher porque, no último ano, os espécimes secos têm marcado o passo entre as tendências de interiores. Associados aos processos artesanais de secagem e preservação, estes arranjos estão a conquistar terreno dentro de casa e até já motivam o nascimento de novos negócios. É o caso da Florascape, um projeto que nasceu online, no final de 2020, e oferece duas opções: composições previamente preparadas, pintadas com cores fortes e inspiradas no quatro elementos da natureza (com preços entre os 18 e os 28 euros), e uma extensa lista de espécies — da lavanda à aveia natural, passando pelo cardo branco e pelas hastes de algodão, para que cada um possa compor o seu próprio arranjo em casa. Aí, os preços das porções variam entre 1,20 e 5,85 euros.

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© Divulgação

Centá

Flores frescas e cocktails na Rua de Santos-o-Velho, 114, em Lisboa

Eis uma conjugação inusitada. Embora obedeça a uma certa lógica — ambos são elementos celebrativos por excelência –, flores e cocktails não costumam coabitar. Ou não costumavam até Viktor e Lera, um casal que trocou Moscovo por Lisboa no final de 2019, ter criado um novo negócio no centro da capital. Na Centá, o trabalho feito com as flores orienta a carta de bebidas, especialmente desenvolvida por um mixologista. Morango, alperce, toranja e baunilha — as receitas, especialmente aromáticas, tingem-se das cores das flores para um pendant perfeito. Há opções sem e com álcool, os preços são 7 e 11 euros, respetivamente.

Desde outubro do ano passado que a Centá, nome derivado de uma espécie de flor, a centáurea, tem um espaço próprio, por enquanto aberto apenas por marcação e para recolha de flores, dos ramos mais singelos aos escultóricos centros de mesa (o valor de referência é de 40 euros, mas ajustável aos diferentes orçamentos). As entregas continuam a fazer-se por toda a cidade e arredores (os custos variam).

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FLO

Conjuntos para semear, secar e expor flores em casa (à venda online)

Mais do que compor arranjos, este projeto nascido em setembro do ano passado, quer envolvê-lo em todo o processo. Longe de ser um serviço de flores ao domicílio convencional, a FLO fornece as sementes, a terra, a prensa e ainda lhe propõe uma forma, no mínimo, original de expor o resultado. Tudo porque Madalena Pereira, a criadora da marca, quis que os seus clientes não se limitassem a receber flores secas em casa, mas que as vissem crescer e, ao ritmo de todo processo, também eles abrandar um pouco. As sementes variam em função da época do ano e com a viragem da estação aprontam-se os vasos para receber as zínias, as ervilhas-de-cheiro e as papoilas vermelhas. Mas a primavera não fica por aqui: há uma nova edição de quadros com flores prensadas. A caixa completa custa 40 euros. Os restantes complementos variam entre os 6 e os 30 euros.

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Flor de Bananeira

Arranjos e peças em cerâmica no Instagram

Muitos olharão para este projeto sediado na Linha de Cascais como a junção do melhor de dois mundos: flores e cerâmica, uma mais vibrante do que a outra. Este atelier botânico apresentou-se ao mundo em junho, através do Instagram e com combinações infalíveis de arranjos campestres e jarras de todas as formas e feitios. O projeto tem a assinatura de duas cariocas a viver em Portugal — Gabi Pallano e Samanta Fiuza — e a cor parece ser mesmo o ponto central do trabalho desenvolvido pela Flor de Bananeira nos últimos meses. É a prova de como até o mais sensorial dos negócios pode proliferar nas redes sociais e, através de entregas e envios, chegar a todo o país. Os arranjos começam nos 7 euros, as peças em cerâmica nos 10 euros. Os dois juntos começam nos 23 euros.

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Oh, Maria

Arranjos e decorações na Avenida João Crisóstomo, 89A, em Lisboa

A família já vai longa, sobretudo depois de Maria Figueira ter decidido que cada arranjo teria um nome próprio como se de uma pessoa se tratasse. Uma pista: elas são frescas e eles são sequinhos, como mandam as modas. A procura tem oscilando entre uns e outros e, claro, além dos ramos de flores já feitos, há sempre espaço para criar novas composições. Acontece tudo no espaço que a Oh, Maria abriu em maio do ano passado, nas Avenidas Novas, onde também se arquitetam decorações para espaços e eventos — sempre sem fugir às flores, claro. Através do Instagram chegam sempre as novas descobertas, a última é uma versão colorida das clássicas sanseviéras. Os preços começam nos 15 euros.

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Flórida

Arranjos, cenários e decorações na Rua Gonçalo Cristóvão, 146, no Porto

A norte, este estúdio de design floral nasceu em plena pandemia, momento em que o verbo florir pode muito bem ter conquistado novos aficionados entre os que, de repente, se viram confinados entre paredes, geralmente brancas. Dos arranjos decorativos que enchem a sala (os preços começam nos 25 euros) aos cenários que convocam flores, plantas, cerâmica e “tudo o resto que desejarmos”, como se pode ler na página oficial, são poucos os limites impostos à criatividade de Filipa Alves e Liliana Mendes, dois pares de mãos talentosas que criaram o Flórida em outubro do ano passado. Uma dupla criativa cheia de olho para o design. Na loja online, vai ainda encontrar Refresquito, uma edição limitada de cabaças pintadas à mão, vendidas com ou sem flores.

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Flores da Poça

Flores e plantas junto à Praia da Poça, em São João do Estoril

Ramos, plantas em vaso ou molhinhos de flores secas para dar largas à criatividade dentro de casa — a Flores da Poça abriu no último verão para resgatar o velho espírito da florista de bairro. Sem esquecer os centros de mesa personalizados, as suculentas, os pequenos arranjos decorativos dentro de campânulas nem os bouquets de noiva, este é também o sítio ideal para tirar todas as dúvidas sobre a botânica doméstica. Tem ainda serviço de entregas. Os preços das flores vão dos 7 aos 65 euros.

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Bolotta

Arranjos com entregas na zona do Porto

Sem loja de porta aberta, mas com uma página de Instagram que lhe serve de montra, a Bolotta nasceu em setembro do ano passado pelas mãos de Bárbara Carvalho. Entre as flores frescas e os exemplares secos, este serviço de entregas e projetos especiais não esconde a predileção pelas espécies campestres e pelos tons outonais, como se cada arranjo tivesse saído de uma natureza morta flamenga do século XVII. Também no Porto a tentação de dar nomes de mulheres aos ramos falou mais alto — já são mais de 30 e os preços começam em cerca de 20 euros.

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Lucien Blondel

Arranjos e projetos de decoração na Rua da Arrábida, 66, em Lisboa

Em fevereiro do ano passado, Pascal Blondel fixou-se em Lisboa e abriu um atelier com a porta aberta para a rua. O seu instinto criativo, aplicado sobretudo a projetos de decoração de interiores, resulta de anos de experiência em Londres, mas também de um talento de família, herdado do avô (que lhe emprestou o nome para a marca). A pandemia rebentaria pouco tempo depois, mas a Lucien Blondel continuaria a estreitar laços com a vizinhança, mesmo sem os workshops que planeava dar. Mas o atelier do francês continua a mexer, com uma clara predileção por flores frescas e composições opulentas, entregas em Lisboa e muitas peças de cerâmica à mistura. Os preços começam nos 20 euros.

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Quintal de Flor

Arranjos e peças em cerâmica com entregas em todo o país

O negócio nasceu em jeito de homenagem. Para recordar o jardim da casa onde morava o avô, em Braga, Lara Dantas criou o Quintal de Flor, projeto que começou por juntar flores e peças em cerâmica no Instagram, onde hoje conta com mais de 22 mil seguidores. A criatividade das sugestões fê-la ganhar popularidade. As flores secas predominam, embora dividam as atenções com os recipientes onde são postas, sejam jarras ou cestas. E se, há pouco mais de um ano, tudo começou numa garagem, esta jovem empreendedora já anunciou estar para “breve” a abertura de uma loja. Os preços começam nos 15 euros.

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