O ministro da Defesa mostrou-se, esta quinta-feira, adepto da “Defesa Verde” para reduzir o impacto ambiental das ações militares, equivalentes às emissões de CO2 de 14 milhões de carros, em 2019, numa Europa que nem está em guerra.

Gomes Cravinho intervinha na conferência virtual “Impactos sociais, políticos e ambientais das alterações climáticas”, organizada pelo Instituto da Defesa Nacional e classificou o fenómeno como “um dos mais disruptivos dos nossos tempos” e “que requer uma adaptação por parte das Forças Armadas”.

“Um recente estudo europeu concluiu que as emissões de CO2 resultantes da ação militar na Europa — que não é um continente em guerra e só estamos a falar de exercícios e ações normais de aprontamento e sustentação das Forças Armadas — produziu tanto CO2, em 2019, como 14 milhões de automóveis“, disse o responsável da tutela.

Segundo o governante, “as missões internacionais, com as suas exigências logísticas e de pessoal, representam, em muitos contextos, uma pressão adicional grande sobre ecossistemas já frágeis”.

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Em termos da nossa cooperação bilateral, estamos a propor aos nossos parceiros dos Países de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste a introdução, nos novos programas-quadro que serão renegociados, do tema das alterações climáticas como área de cooperação. Isto porque, para além das realidades securitárias nos espaços geográficos de inserção de cada um dos países, existem, atualmente, um conjunto de riscos e ameaças comuns, como é o das catástrofes naturais e da resposta a emergências e as alterações climáticas, que uma abordagem cooperativa bilateral pode ajudar a enfrentar”, adiantou Gomes Cravinho.

Antes, o ministro da Defesa já tinha afirmado que, “em Portugal, os eventos climáticos extremos têm-se tornado mais frequentes“, exigindo “capacidade de previsão, planeamento e resposta”.

“Na Europa, a criação de uma cláusula de solidariedade no Tratado de Lisboa, prevista para permitir e facilitar o apoio entre os estados-membros e respostas coordenadas no caso de catástrofes é simbólico da importância deste tema. Aqui ao lado, em África, muitas das situações de fragilidade social, económica e política têm sido agravadas pela escassez de recursos que conduz à deslocação de populações, em particular conflitos por terra arável e água, com impactos na segurança regional e internacional”, continuou.

Para Gomes Cravinho, “a norte, com o degelo do Ártico”, apesar de Portugal ser “um pais com interesse geopolítico no Atlântico”, não pode “deixar de estar interessado”, alertou, sinalizando a Rússia como cada vez mais protagonista e presente em águas ocidentais, constituindo um “desafio securitário real”.