O Boom Festival 2020, cuja realização foi adiada para julho deste ano, em Idanha-a-Nova, foi remarcado para julho de 2022, devido à pandemia da covid-19, anunciou esta quinta-feira a organização.

Em comunicado publicado na sua página da Internet, a organização do Boom Festival refere que, “devido à pandemia, não celebramos, mais uma vez, juntos no verão de 2021”, o festival bienal cuja 13.ª edição devia decorrer entre 22 e 29 de julho.

Deixa ainda um apelo à união da comunidade ‘boomer’ para assinalar algo único, “a festa magna dos 25 anos, um quarto de século de Boom Festival na Terra, em 2022”.

“É sob os auspícios da Lua Nova, símbolo de recomeços, entre os dias 22 e 29 de julho de 2022. Todos os bilhetes e serviços adquiridos para 2020/21 estão seguros para 2022”, lê-se na nota de imprensa divulgada.

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A organização recorda todos os esforços que tem feito para realizar o Boom este verão, e diz que continuam a estar representados em grupos de trabalho junto do Ministério da Cultura e da Direção-Geral da Saúde (DGS), entre outras entidades oficiais.

“Desde dezembro de 2020 têm sido feitas propostas para a produção de ‘eventos-piloto’, com políticas e regulamentos sanitários que permitam o regresso das atividades culturais, em Portugal. No entanto, a resposta do Governo até agora tem sido evasiva, nenhuma decisão oficial responde à questão real, se é ou não possível que os festivais ocorram no verão de 2021”, afirmam.

O Boom refere que, desde 12 de março, contactou “a DGS, por escrito, quatro vezes, e ainda não [recebeu] uma única resposta”.

“Um festival que reúne pessoas de 175 países e territórios, como o Boom, carrega uma imensa responsabilidade pelo bem-estar coletivo de toda a comunidade, e considera a condição e origem de cada ‘boomer’ essencial para o nosso processo de tomada de decisão”, sustenta.

Após uma análise à situação atual, a organização lembra que existem várias restrições a voos, e as condições para viajar para Portugal, a partir da Europa e outros continentes, “permanecem bastante indefinidas”.

“Esperar que esta situação melhore significativamente, até julho de 2021, simplesmente não é realista. Dificuldades de viagem e falta de diretrizes sobre como lidar com riscos potenciais à saúde na ‘Boomland’ tornam irrealista a possibilidade de iniciar a construção naquela data [01 de abril]. Isso significa que os padrões de arte, arquitetura, design, jardins e outras áreas, seriam significativamente comprometidos”, concluem.

O festival diz também que não vai contribuir para uma experiência coletiva que possa colocar a saúde dos ‘boomers’ em risco, ou limite suas liberdades.

“Acreditamos que a situação atual é apenas temporária, há vários sinais de cultura e festivais ressurgindo lentamente ao redor do globo. Esta dupla reprogramação também é um grande desafio para a nossa organização. Estes são tempos extremamente complexos e todo o apoio e compreensão são profundamente apreciados”, conclui a organização.

O verão do ano passado decorreu sem os habituais festivais de música em Portugal, tendo a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) estimado uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019, pela atividade.

Este ano, há vários festivais de música marcados a partir de junho, entre os quais o Alive (julho), em Oeiras, o Super Bock Super Rock (julho), em Sesimbra, o Sudoeste (agosto), em Odemira, e o Paredes de Coura (agosto), no distrito de Viana do Castelo, mas os promotores querem saber em que condições os poderão realizar.

Desde o final de 2020, início deste ano, associações representativas do setor iniciaram reuniões, com a tutela da Cultura, e a presença da Direção-Geral da Saúde, em busca de soluções para retomar a atividade após o confinamento.

No início deste mês, já tinham sido anunciados os adiamentos, para 2022, do Rock in Rio Lisboa e do Primavera Sound, no Porto, previstos para junho. Na quarta-feira, foi conhecido o adiamento do festival CoolJazz, para julho de 2022.

O ‘plano de desconfinamento’ do Governo, que se iniciou, de forma faseada, em 15 de março, prevê que, a partir de 03 de maio, possam voltar a realizar-se grande eventos exteriores e interiores, com diminuição de lotação, o que pode vir a incluir festivais.

Na apresentação do ‘plano de desconfinamento’, em 11 de março, o primeiro-ministro, António Costa, salientou que o processo de reabertura será “gradual e está sujeito sempre a uma reavaliação quinzenal, de acordo com a avaliação de risco” adotada.