A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, apelou esta quinta-feira à cooperação na construção de soluções “para o uso mais preciso e eficiente dos recursos, nomeadamente fertilizantes, pesticidas, mas também de recursos naturais e do solo”.

A pandemia de Covid-19 “evidenciou a urgência de mudanças nas cadeias de abastecimento alimentar“, na forma como se chega aos consumidores e como são consumidos os bens alimentares, disse a governante. Maria do Céu Antunes, que intervinha numa sessão virtual sobre saúde global sob o conceito “a uma só saúde“, através de uma mensagem gravada, relembrou também “o papel basilar da alimentação na saúde e no bem-estar“.

Por outro lado, a crise pandémica “tornou bem claro o conceito ‘a uma só saúde'”, numa semana em que o futuro da agricultura é “debate central” no Conselho Europeu de Agricultura e Pescas e nas negociações entre o Conselho da União Europeia (UE), a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu, afirmou.

Ora, esta dinâmica, segundo a ministra, veio acentuar “a urgência de procurar soluções inovadoras, sustentáveis e capazes de responder às questões que se colocam na produção, no processamento, na distribuição de bens alimentares do prado ao prato”.

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Maria do Céu Antunes sublinhou, então, a importância da agenda de inovação para a agricultura, denominada Terra Futura, que visa “contribuir para uma agricultura mais eficiente, sustentável e competitiva, que garanta a saúde e o bem-estar da sociedade portuguesa“.

No conjunto das 15 iniciativas da agenda, o conceito “a uma só saúde” é firmado com os objetivos de “reduzir a incidência de doenças das plantas e dos animais com impacto na saúde e no bem-estar da população humana e no ambiente, responder ao impacto de potenciais zoonoses e outras ameaças emergentes, reduzir a emergência à resistência a antimicrobianos e promover a educação para uma só saúde”.

Por zoonoses, a responsável referia-se a doenças transmitidas por animais, domésticos e não domésticos, aos humanos, podendo ser causadas por diversos microrganismos como vírus, bactérias, parasitas ou fungos, enquanto antimicrobianos são substâncias que matam ou inibem o desenvolvimento desses microrganismos.

A ministra garantiu ainda que o Governo está empenhado na “implementação da estratégia [da Comissão Europeia] ‘do prado ao prato'”, a fim de produzir “alimentos de forma mais sustentável, combatendo o desperdício alimentar e continuando a garantir e a melhorar os padrões de segurança alimentar, do bem-estar e da saúde animal e da sanidade vegetal”.

Trabalhamos também para a implementação de modos e práticas de produção mais ecológicas, mais sustentáveis, que tirem maior partido dos serviços do ecossistema, contribuindo para a substituição dos produtos de síntese usados na fertilização e na proteção das culturas”, acrescentou.

Tendo presentes os princípios da economia circular, Maria do Céu Antunes apelou, por fim, à cooperação na construção de soluções “para o uso mais preciso e eficiente dos recursos, nomeadamente fertilizantes, pesticidas, mas também de recursos naturais e do solo, incentivando ainda a transição agroenergética para uma agricultura descarbonizada”. Isto porque, salientou: “Queremos criar as melhores condições para que os agricultores e os trabalhadores agrícolas tenham melhores rendimentos, conciliando o potencial produtivo com os valores ambientais, o que só é possível com mais inovação, mais investigação, mais conhecimento e maior capacitação”.

A ministra da Agricultura participou esta quinta-feira numa sessão intitulada “Saúde global sob o conceito ‘a uma só saúde'”, inserida na conferência virtual sobre o reforço do papel da UE na saúde global, organizada no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE.