A corrida até começou bem para Fernando Alonso. Até à volta 12, quando parou pela primeira vez, tinha ultrapassado o Ferrari de Carlos Sainz e ficado muito perto de passar o McLaren de Ricciardo no recomeço depois do safety car provocado pelo despiste de Nikita Mazepin. Depois dessa primeira ida à box, o Alpine do piloto espanhol caiu claramente de rendimento — numa sucessão de acontecimentos até ao abandono, na volta 31 do Grande Prémio do Bahrain.

Não foi o regresso de sonho para Alonso, que voltou à Fórmula 1 três anos depois, mas a verdade é que os problemas do Alpine — a antiga Renault — têm uma explicação muito fora do comum. Se tudo começou com uma questão na bateria, que obrigou os engenheiros a pedirem ao piloto que reduzisse o ritmo do carro,  a desistência em si foi provocada por uma embalagem de sanduíche.

“Depois da segunda paragem, na volta 26, uma embalagem de sanduíche ficou presa nos circuitos dos travões traseiros, provocando altas temperaturas e danificando o sistema de travagem. Decidimos retirar-nos por motivos de segurança. Foi uma pena, tendo em conta o quão sólido se tinha mostrado o Fernando [Alonso] até esse momento”, explicou Marcin Budkowski, o diretor técnico da Alpine. Em resumo, a equipa decidiu retirar o carro de pista com receio de que os danos nos travões pudessem causar um acidente que colocasse em causa não só a integridade do monolugar como a segurança física do experiente piloto. Esteban Ocon, o outro piloto da Alpine, terminou na 13.ª posição.

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Já Alonso, conhecido por não ter muita paciência para erros ou episódios que não foram diretamente cometidos por ele, acabou por ter uma reação surpreendentemente otimista depois da primeira etapa do Mundial. “Ainda não estou a 100%, ganhei algumas batalhas mas ainda preciso de mais ritmo, mais confiança, para extrair o máximo das travagens, das saídas… Do carro. Tenho muita margem para melhorar, cometi pequenos erros como não enquadrar bem o carro na segunda pit stop“, começou por dizer o piloto de 39 anos, que nos últimos tempos tem aproveitado para competir em provas de resistência e venceu em Le Mans e em Daytona.

“Para mim, foi um bom dia: pelo hino, pela volta de formação, a grelha de partida, foram momentos ótimos. Aquelas primeiras voltas, estar na luta com os outros carros, a adrenalina. A emoção, o coração a bater rapidamente. Foi uma pena não estar mais tempo em pista, não acabar a corrida. Mas também não era possível chegar aos pontos (…) Acho que me falta tempo no carro, todos os pilotos que mudaram de equipa — o Carlos [Sainz], o Ricciardo, o Vettel — precisam de tempo. O Vettel tem de se habituar, o Ricciardo tem de se adaptar aos travões, o Carlos ao fim de umas corridas pode estar a 100%. Imaginem isso multiplicado por dois anos e meio. Não sei ainda a que é que tenho de dedicar mais tempo mas tenho a certeza de que em cinco ou seis corridas vou estar melhor”, acrescentou.

O campeão tem uma obra para completar e já riscou mais um recorde: Hamilton vence Verstappen no Bahrain com um final de loucos