As autoridades tailandesas estão a preparar-se para um possível afluxo, ao longo da fronteira noroeste do país, de milhares de pessoas de etnia Karen em fuga de novos ataques aéreos dos militares de Myanmar (antiga Birmânia).

De acordo com a Free Burma Rangers, uma agência de ajuda humanitária que presta assistência médica a esta etnia, os aviões militares de Myanmar efetuaram três ataques durante a noite de domingo para esta segunda-feira.

Os ataques terão provocado um ferido, mas, para já, não foi relatada qualquer morte.

No dia 22 de março, cerca de 3.000 pessoas atravessaram o rio que divide os dois países na província de Mae Hong Son, na Tailândia, após dois dias de ataques aéreos.

Nesses ataques, aviões militares de Myanmar lançaram bombas sobre uma posição guerrilheira dos Karen numa zona do rio Salween, no distrito de Mutraw, no estado de Karen, de acordo com trabalhadores de duas agências de ajuda humanitária. Dois guerrilheiros foram mortos e muitos mais ficaram feridos nesses ataques, disse um membro dos Free Burma Rangers.

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Na noite de sábado, dois aviões militares de Myanmar bombardearam duas vezes a aldeia Deh Bu Noh, no distrito de Mutraw, matando pelo menos dois aldeões.

Os ataques podem ter sido uma retaliação contra o Exército de Libertação Nacional Karen, que luta por maior autonomia para aquela etnia.

Segundo o portal online Thoolei News, oito soldados do Governo, incluindo um segundo tenente, foram capturados no ataque, e 10 foram mortos, incluindo um tenente-coronel que era comandante adjunto do batalhão.

A tensão na fronteira surge quando os líderes da resistência ao golpe do mês passado, que derrubou o governo eleito de Myanmar, procuram reunir os Karen e outros grupos étnicos como aliados, o que acrescentaria um elemento armado à sua luta.

Os ataques aéreos marcam uma escalada na repressão cada vez mais violenta do governo de Myanmar contra os opositores à tomada do poder pelos militares em 01 de Fevereiro.

Pelo menos 114 pessoas em todo o país foram mortas pelas forças de segurança só no sábado, incluindo várias crianças – o que levou um perito em direitos humanos da ONU a acusar a junta de cometer “assassínio em massa” e a criticar a comunidade internacional por não fazer o suficiente para o impedir.