Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, concedeu uma entrevista aos canais do clube a propósito do impacto da pandemia de Covid-19 para os dragões e para a própria sociedade, não esquecendo todos aqueles que perderam a vida no último ano como uma das pessoas mais próximas do líder dos azuis e brancos, Reinaldo Teles. Em paralelo, deixou mais uma vez duras críticas ao trabalho e às medidas a esse propósito do Governo, também na figura do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, falando ainda na primeira pessoa dos cuidados que passou a ter e das coisas que mudaram ou não no seu quotidiano.

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“A pandemia, para além de ter prejudicado a saúde de muitas pessoas, foi um prejuízo enorme para o FC Porto, ainda que parcialmente explicado pela inexplicável proibição de não haver público nos estádios. É incompreensível. São prejuízos de cerca de 27 milhões de euros num ano, num clube de futebol isso é trágico. Este ano pagámos 42 milhões de euros [de impostos], mais sete milhões à Segurança Social de encargos que pertencem ao FC Porto e há há a acrescentar a isso tudo o facto de o Estado manter o seu cariz lamentável de caloteiro”, frisou o líder portista, trazendo de novo ao discurso uma ideia que já deixara na última entrevista que deu ao Porto Canal.

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Continua sem nos pagar a devolução do IVA, que nos é devido e que devia ter pago no ano passado. E são alguns milhões que nos fazem falta para cumprir com as nossas obrigações. São efeitos negativos sem a ajuda de quem quer que seja. Não tivemos nenhum facilidade de pagamento de impostos, pelo contrário. Parece uma tentativa de nos asfixiar, não devolvendo o que é nosso”, destacou.

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“Quando vi o futebol a parar e tivemos uma reunião de alguns presidentes com o Governo, vim esperançado que o bom senso prevalecia. Quando o Governo permitiu que houvesse jogos com algum público, como na Seleção e um jogo nosso da Champions [Olympiacos], e todos disseram que tinha corrido muito bem, não compreendi que a segui se voltasse a interditar o público. Este Governo está a matar o desporto. Temos um Secretário de Estado que a única preocupação, dito por ele, era a centralização dos direitos televisivos, um negócio para 2028. É lamentável que o Governo dê como prioridade, sem ouvir os clubes, uma decisão para 2028, como se os clubes não tivessem de viver até lá. É o país que temos e os governantes que temos”, acrescentou ainda, abordando também a ausência de público nas modalidades: “Num pavilhão com cinco mil lugares não podem estar 200 que sejam quando há espetáculos em recintos fechados com 1.000 pessoas e uma lotação de 2.000 ou 3.000…”.

A nível pessoal, Pinto da Costa admitiu que “ao princípio, como qualquer pessoa”, ficou “baralhado”. “Vinham notícias terríveis lá de fora, depois a diretora geral da Saúde [Graças Freitas] dizer que era uma gripezinha que dificilmente chegava cá deu-me alguma tranquilidade, mas vi logo que era uma disparate e que teria más consequências”, recordou o presidente dos azuis e brancos, que tem feito uma vida “com todas as cautelas”.

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“No trabalho nunca deixei de vir, de assumir as minhas responsabilidades, nunca deixei de acompanhar as nossas equipas em qualquer circunstância, naturalmente que correndo os riscos mínimos mas tendo sempre o maior cuidado, usando sempre a máscara, mantendo as distâncias. Não vou deixar de viver por ter medo de morrer, senão não morro mas também não vivo, que é a mesma coisa. Há um ano isto era impensável para toda a gente. Uma guerra pode parar e destruir parte do mundo, e qualquer um admite que isso possa acontecer, mas isto era impensável. Foi uma tristeza, sobretudo por ter causado tantas mortes, em Portugal creio que são mais de 16 mil pessoas que faleceram fruto disso”, contou, antes de recordar o antigo vice e administrador da SAD.

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“Infelizmente muita coisa mudou e esta pandemia teve resultados péssimos para o mundo. O FC Porto não foi exceção, causou imensos prejuízos. O pior todos são as mortes que causou na família portista, salientando em primeiro lugar, o Reinaldo Teles, vítima desta terrível doença e deste vírus maldito. E muitos outros portistas, alguns meus amigos. Essa é incalculavelmente a maior perda e o pior dos prejuízos que pode haver”, destacou.