O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende o investimento no reforço dos setores da saúde, social e educacional para reduzir desigualdades acentuadas durante a pandemia de Covid-19, segundo um capítulo do Monitor Fiscal esta quinta-feira divulgado.

“Os decisores políticos fariam bem em se focar nas redes de apoio social, cuidados de saúde e serviços de educação que estiveram debaixo de ‘stress’ severo devido à Covid-19”, pode ler-se no documento conhecido esta quinta-feira.

A pandemia “afeta desproporcionalmente os grupos mais vulneráveis”, e por isso “a pobreza e desigualdade deverão subir”, segundo a instituição liderada por Kristalina Georgieva. As medidas defendidas pelo FMI no texto vão desde gastos “de emergência no curto prazo” no setor da saúde, incluindo “para campanhas de vacinação”, bem como, na educação, para “apoiar o ensino à distância”.

“Ainda assim, a maioria das políticas públicas para reduzir a desigualdade e fomentar oportunidades serão similares àquelas que teriam sido apropriadas antes da pandemia”, segundo a instituição sediada em Washington.

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O FMI refere, em primeiro lugar, a existência de políticas prédistributivas, que “reduzem a desigualdade de rendimentos no mercado (antes de impostos e transferências) e fomentam o crescimento inclusivo”.

Já as políticas redistributivas podem “reduzir a pobreza e a desigualdade do rendimento disponível (depois de impostos e transferências) e melhorar o acesso a serviços básicos no curto prazo, ao redistribuir rendimentos para agregados domésticos de rendimentos mais baixos”. O FMI defende que os governos “devem ter uma visão holística na identificação de fontes de baixa mobilidade intergeracional e alta desigualdade, moldando as políticas para circunstâncias específicas de cada país”.

Nas políticas de acesso a serviços básicos, o investimento público “pode compensar, em parte, compensar o intervalo dos investimentos privados nas crianças entre pais ricos e pais pobres”.

O FMI refere também que a transformação económica acelerada pela pandemia “pede maiores esforços para ajudar os trabalhadores a adaptarem-se a mudanças para trabalhos que requerem competências cognitivas de maior nível”. Quanto a impostos e a transferências sociais, o FMI sublinha a falta de cobertura de algumas franjas da população, defendendo que para melhorar esse aspeto, “os governos precisam de registos sociais abrangentes, incluindo aqueles que cubram o setor informal”.

“O acesso a serviços básicos ajuda a dar a todos uma oportunidade justa, mas é custoso”, refere o FMI, ressalvando que à medida que se aumentam os gastos “as ineficiências devem ser reduzidas”

“Quer os governos invistam na educação, cuidados de saúde, infraestruturas ou redes de apoio social, irão encontrar escolhas de política difíceis sobre como financiar estes gastos cruciais”, pode ainda ler-se no documento, dado o “espaço orçamental limitado” em alguns casos.