A Organização Mundial de Saúde (OMS) criticou esta quinta-feira a lentidão “inaceitável” da vacinação contra a Covid-19 na Europa e diz serem “necessárias” novas restrições no continente devido ao número de casos do SARS-CoV-2, ao avanço da variante britânica e ao aumento da mobilidade pela semana da Páscoa.

“O ritmo lento da vacinação prolonga a pandemia”, lamentou o braço europeu da organização das Nações Unidas, sublinhando que o número de novos casos na Europa aumentou fortemente nas últimas cinco semanas.

“As vacinas são a nossa melhor saída para a pandemia. Não só funcionam, mas também são muito eficazes na limitação de infeções. No entanto, a aplicação dessas vacinas está a decorrer a uma lentidão inaceitável”, disse o diretor da OMS Europa, Hans Kluge, citado num comunicado de imprensa.

Precisamos acelerar o processo aumentando a produção, reduzindo as barreiras à entrega da vacina e usando qualquer dose que tivermos em ‘stock'”, disse Kluge.

Na região da OMS na Europa, que inclui cerca de cinquenta países, incluindo a Rússia e vários Estados da Ásia Central, o número de novas mortes ultrapassou 24.000 na semana passada e está “rapidamente” a aproximar-se da marca de um milhão, segundo a organização. O número semanal de novos casos chegou a 1,6 milhão. Há apenas cinco semanas, os números haviam caído para menos de um milhão, apontou a OMS.

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Segundo a diretora regional da OMS para Emergências na Europa, Dorit Nitzan, “a situação na região é agora mais preocupante do que vimos em vários meses”.

“Muitos países estão a introduzir novas medidas (de combate à pandemia) que são necessárias e todos devem segui-las tanto quanto possível”, acrescentou Nitzan. Na sua opinião, também existem “riscos associados” ao “aumento da mobilidade” e às reuniões nestes feriados da Páscoa.

Um total de 27 países europeus aplicam atualmente restrições de intensidade variável, dos quais 21 impuseram recolher obrigatório. Nas últimas duas semanas, 23 Estados endureceram as medidas para conter a propagação da pandemia, enquanto 13 abrandaram as restrições.

Segundo o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri Kluge, “agora não é hora de relaxar”.

“Não podemos ignorar o perigo. Todos temos que fazer sacrifícios, não podemos permitir que a exaustão nos derrote. Devemos continuar a conter o vírus”, disse Kluge. Na sua opinião, na situação atual, a “ação rápida” e a implementação de “medidas sociais e de saúde pública” são necessárias até que avance a campanha de vacinação.

A OMS considerou que os encerramentos da vida pública e da atividade económica deveriam ser usados “enquanto a doença exceder a capacidade dos serviços de saúde para cuidar adequadamente dos pacientes e para acelerar a provisão dos sistemas de saúde locais e nacionais”.

A Europa é a segunda região com mais casos do novo coronavírus. O número total de positivos gira em torno de 45 milhões e o número de mortos é próximo a um milhão, segundo dados da OMS.

Um total de cinquenta países da região já indicaram que a variante B.1.1.7, inicialmente detetada no Reino Unido, é a que predomina em seus territórios.