Os Estados Unidos vão participar na próxima semana, em Viena, nas conversações com as principais potências que assinaram o acordo nuclear iraniano de 2015, e continuam “abertos” a discussões “diretas” com o Irão, anunciou hoje o porta-voz diplomático norte-americano.

“Os principais tópicos que serão discutidos são as medidas nucleares que o Irão deve tomar para voltar a cumprir plenamente os termos” do acordo internacional de 2015, “e as medidas de levantamento de sanções que os Estados Unidos devem tomar para voltarem também a cumprir”, disse Ned Price à agência AFP.

Referiu que essas conversações começariam na terça-feira na Áustria, e avisou que os Estados Unidos não esperavam “um avanço imediato”, mas sim “discussões difíceis”. “Pensamos que é um passo em frente saudável”, acrescentou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

As grandes potências que ainda são membros do acordo que supostamente impede o Irão de adquirir uma bomba atómica – China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido – realizaram hoje uma reunião virtual com Teerão, organizada pela União Europeia. Foi a primeira desde a eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, que não estavam representados, uma vez que os iranianos recusaram nesta fase um encontro direto com o país inimigo.

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O antigo presidente norte-americano Donald Trump retirou o seu país do acordo em 2018, e restabeleceu todas as sanções dos Estados Unidos contra o Irão, que, em troca, começou a libertar-se das restrições ao seu programa nuclear. O novo presidente norte-americano disse que está disposto a voltar ao acordo se Teerão também voltar a respeitar os seus compromissos, mas os dois países estão a passar a responsabilidade sobre quem deve dar o primeiro passo. No final da reunião de hoje, os participantes concordaram em reunir-se novamente na próxima semana, em Viena.

O anúncio da reunião em Viena da comissão mista do JCPOA (o Plano de Ação conjunto Global, na sigla em inglês) surge após, na terça-feira, o Irão ter indicado que faz depender a paragem da produção de urânio enriquecido a 20% do fim de “todas as sanções” dos Estados Unidos, em resposta a uma eventual proposta de Washington de retomar as negociações sobre energia nuclear.

“O enriquecimento [de urânio] a 20% está em concordância com o artigo 36.º do JCPOA e só [pode conhecer um fim] se os Estados Unidos levantarem todas as sanções”, disse um alto responsável iraniano sob anonimato à televisão estatal de Teerão Press TV, em língua inglesa.

O Irão começou a produzir urânio (20%) no passado mês de janeiro, transgredindo o pacto, que estipula o máximo de pureza até 3,67% e está também a usar centrifugadoras avançadas quando o JCPOA apenas permite os equipamentos de primeira geração.