775kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Este Toni não é Silva e não é o criador de toda a música ró: é Martínez e dá vitórias (a crónica do FC Porto-Santa Clara)

Este artigo tem mais de 2 anos

Herman José, na pele de Tony Silva, dizia que era o grande criador de toda a música ró. Este Toni é Martínez e não canta: mas marca e deu a vitória ao FC Porto no último minuto de descontos (2-1).

FC Porto v CD Santa Clara - Liga NOS
i

O avançado espanhol tem agora três golos marcados ao serviço dos dragões

Getty Images

O avançado espanhol tem agora três golos marcados ao serviço dos dragões

Getty Images

A discussão entre Sérgio Conceição e Paulo Sérgio, logo depois do lance que acabaria por dar a vitória ao FC Porto no terreno do Portimonense, foi o último grande episódio antes da interrupção da Primeira Liga para os compromissos das seleções. Foi por isso natural que, na primeira conferência de imprensa de regresso ao Campeonato, Sérgio Conceição tenha ainda sido questionado sobre o que se passou em Portimão. Até porque, pelo que pareceu, o treinador do FC Porto tinha muita coisa para dizer sobre tudo o que leu e ouviu nas últimas semanas.

“Parece-me que foi ontem porque todos os dias é falado na comunicação social. Quero agradecer ao Paulo [Sérgio] as palavras que teve para comigo e o FC Porto (…) Em relação ao que se passou, já foi bastante badalado. Houve dois treinadores, dois homens que ultrapassaram uma linha daquilo que é aceitável ou não aceitável num jogo de futebol, independentemente da paixão. Foi demasiado da nossa parte, dos dois. Mas pior do que isso, talvez, foi de uma forma premeditada e insultuosa, com insultos à minha família, a mim. Comecei a semana a ouvir que era arruaceiro, passou por javardo, por gentalha, por ordinário, delinquente. Até que acabaram a falar dos meus pais, vejam lá onde é que isto chegou. E não estão sob emoção ou pressão do jogo, que também não justifica o meu comportamento ou o do Paulo, nada justifica. Mas é demasiado, é feio. Nada justifica aquilo que foi dito nestas duas semanas, foi muito grave. Mas se pensam que me podem minimizar naquilo que eu sou como pessoa, como homem, como pai, como irmão e como filho, não conseguem. Aliás, dão-me mais força. Não vão conseguir com qualquer tipo de cartilha abanar o profissional e o homem Sérgio Conceição”, atirou o técnico, num discurso que tem repetido desde que chegou ao Dragão e que passa pela diferenciação entre o Sérgio treinador e o Sérgio homem.

Ficha do jogo

Mostrar Esconder

FC Porto-Santa Clara, 2-1

25.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

FC Porto: Marchesín, Nanu (Corona, 66′), Pepe, Diogo Leite, Manafá, Otávio, Sérgio Oliveira (Francisco Conceição, 78′), Uribe, Luis Díaz (Evanilson, 85′), Marega (Fábio Vieira, 66′), Taremi (Toni Martínez, 85′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Mbemba, Zaidu, Grujic

Treinador: Sérgio Conceição

Santa Clara: Marco, Rafael Ramos, João Afonso, Mikel Villanueva, Mansur, Ukra (Costinha, 76′), Morita, Nené, Lincoln (João Lucas, 87′), Carlos Júnior, Cryzan (Rui Costa, 52′)

Suplentes não utilizados: André Ferreira, Rodolfo, Sagna, Tassano, Lucas Marques, Jean Patric

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Sérgio Oliveira (gp, 49′), Carlos Júnior (gp, 56′), Toni Martínez (90+5′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Marco (48′), a Nanu (53′), a Diogo Leite (55′), a Carlos Júnior (73′), a Toni Martínez (90+4′), a Nené (90+4′)

Numa conferência onde também elogiou os atuais e antigos jogadores do FC Porto que estiveram ao serviço dos Sub-21 na fase de grupos do Europeu — Diogo Costa, Diogo Leite, Diogo Queirós, Diogo Dalot, Vitinha e Francisco Conceição, entre outros –, para além de considerar a recente renovação de Otávio como algo “normal”, Sérgio Conceição ainda sublinhou que só esta sexta-feira, na véspera da receção ao Santa Clara, é que teve todo o grupo no treino. “Se compararmos com o Sporting e Benfica, os nossos jogadores fizeram 1500 minutos nas seleções. Mais de metade que aquilo que os outros fizeram juntos e isso tem a sua carga. Só hoje é que o grupo ficou completo na sua totalidade. Há sempre duas partes: por um lado temos jogadores que nos satisfaz que estejam nas seleções; por outro, há essa dificuldade de juntar o grupo. Mas faz parte do que é trabalhar num clube grande e é este o contexto”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, e com Pepe no onze — o central português falhou os compromissos da Seleção Nacional depois de se ter lesionado em Portimão mas recuperou a tempo –, Conceição poupava alguns dos habituais titulares que tiveram mais minutos nas respetivas seleções, também já a pensar na primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões contra o Chelsea, na próxima quarta-feira. Mbemba, Zaidu e Corona começavam todos no banco, com Diogo Leite, Nanu e Luis Díaz a saltarem para o onze. Sérgio Oliveira, Uribe e Otávio mantinham os lugares no meio-campo, assim como Marega e Taremi no ataque. O FC Porto recebia um Santa Clara que começava a partida no sétimo lugar da Liga, vindo de vitórias importantes contra o P. Ferreira e o Portimonense, e precisava de ganhar para garantir que, pelo menos, mantinha a distância para o Sporting e a diferença para o Benfica, já que tanto leões como encarnados só entravam em campo na segunda-feira. Do lado dos açorianos, Daniel Ramos entrava em campo sem os castigados Fábio Cardoso e Allano e os lesionados Júlio Romão, Anderson Carvalho e Rúben Oliveira.

O primeiro lance de perigo pertenceu ao FC Porto, com Otávio a tirar dois adversários da frente já na grande área para depois rematar fraco para as mãos de Marco (4′). Nos instantes iniciais da partida, o Santa Clara apresentou-se no Dragão com os setores espaçados e a equipa genericamente subida no terreno, a aplicar alguma pressão alta e à procura de eventuais erros dos dragões na saída de bola. Este sistema dos açorianos, porém, deixava muito espaço no meio-campo defensivo, abrindo a porta a transições rápidas e investidas na profundidade da equipa de Sérgio Conceição. Ainda assim, foi neste período que o Santa Clara teve um golo anulado, com Carlos Júnior a desviar para dentro da baliza na sequência de um canto mas em posição de fora de jogo (8′).

O acumular de lances mais perigosos por parte dos dragões, com dois remates de Sérgio Oliveira (14′ e 16′) e um desvio de cabeça de Taremi (18′) — para além da enorme liberdade de que beneficiava Otávio, que não tinha uma posição fixa e funcionava como um autêntico vagabundo nas costas do ataque –, levou Daniel Ramos a optar mais frequentemente pelo sistema de três centrais. Mansur, originalmente lançado enquanto lateral esquerdo, juntava-se muitas vezes a Villanueva e João Afonso e completava o trio defensivo. O problema é que, face à movimentação do brasileiro, era Ukra quem ficava responsável pela ala esquerda do Santa Clara: algo que não só provocava um enorme desgaste no capitão dos açorianos como deixava Nanu mais solto, já que o jogador de 33 anos não tinha capacidade para responder ao lateral em velocidade e intensidade.

A linha de cinco defesas que o Santa Clara aplicava a defender, contudo, era rapidamente desmontada a atacar. E com maior solidez na zona mais recuada, a equipa de Daniel Ramos conseguiu corresponder ao natural ascendente do FC Porto na segunda metade da primeira parte e foi obrigando os dragões a recuar. Nené esteve perto de abrir o marcador, ao aparecer ao segundo poste depois de um livre batido na direita (26′), e Villanueva cabeceou para as mãos de Marchesín na sequência de um canto (39′) — os açorianos causavam perigo principalmente a partir de bolas paradas e defendiam bem, obstruindo principalmente o corredor central e forçando o adversário a lateralizar as jogadas.

Assim, e à chegada ao intervalo, o FC Porto estava ainda empatado com o Santa Clara no Dragão e sem golos marcados. Sérgio Conceição pareceu algo insatisfeito nos últimos minutos da primeira parte — mais com a exibição do que com a atitude, já que a equipa parecia estar ligada ao jogo — e a verdade é que os dragões teriam de fazer algo mais, tanto ao nível da criatividade como da velocidade e do oportunismo, para derrotar um organizado conjunto de Daniel Ramos. Exemplo disso era a ausência de pontapés de canto a favor do FC Porto no final do primeiro tempo, um dado estatístico que raramente se vê nos jogos dos dragões.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Santa Clara:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o FC Porto entrou na segunda parte praticamente a ganhar: Taremi surgiu na grande área com a bola controlada, fintou Marco e o guarda-redes do Santa Clara, já sem hipótese de evitar o remate do iraniano para a baliza deserta, fez grande penalidade. Na conversão, Sérgio Oliveira marcou e os dragões chegaram ao 10.º de penálti na atual temporada (49′). Já em desvantagem, Daniel Ramos foi forçado a mexer devido a uma lesão muscular de Cryzan e lançou Rui Costa mas permanecia a ideia de que o Santa Clara não dava o resultado por perdido — até porque o FC Porto estava longe de conseguir dominar a partida, esbarrando sempre na organização defensiva dos açorianos.

Até que, pouco mais de cinco minutos depois do golo de Sérgio Conceição, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Lincoln caiu na grande área dos dragões, Hugo Miguel assinalou falta de Diogo Leite e Carlos Júnior, na marcação da grande penalidade, empatou a partida e chegou aos nove golos em 2020/21, igualando o registo máximo da carreira (56′). Logo depois de estar restabelecido o empate, Taremi teve uma enorme oportunidade para marcar, ao aparecer na cara de Marco depois de um enorme passe de Otávio, mas atirou muito por cima da baliza (60′).

Com o avançar do relógio, Sérgio Conceição fez as primeiras alterações e lançou Fábio Vieira e Corona para os lugares de Marega e Nanu — sendo que este último foi talvez o elemento ‘menos’ da equipa, sempre com muita dificuldade nos duelos, raras ações defensivas e inúmeros passes errados. O FC Porto ia mantendo um natural ascendente na partida, sempre com mais bola e maior presença no meio-campo adversário, e beneficiou da dinâmica que tanto Corona como Vieira acabaram por oferecer à equipa: nenhum dos elementos mais adiantados dos dragões tinham uma posição fixa e definida, algo que provocava maior imprevisibilidade e deixava o Santa Clara sem referências claras para defender.

Os açorianos foram recuando à medida que o tempo passava, até para resguardarem um valioso empate que se ia perpetuando no Dragão, e Sérgio Conceição começou a fazer all in ao retirar Sérgio Oliveira para colocar o jovem Francisco Conceição, completando depois essa lógica com as entradas de Toni Martínez e Evanilson para os lugares de Taremi e Luis Díaz. E o lance decisivo apareceu ao quinto e último minuto de descontos: numa jogada de insistência e depois de um primeiro cruzamento infrutífero, Corona voltou a tirar um passe vindo da esquerda e Toni Martínez, de cabeça e no coração da grande área, cabeceou para dar a vitória ao FC Porto (90+5′). O avançado ex-Famalicão marcou apenas pela terceira vez pelos dragões mas valeu três pontos nos parcos 10 minutos em que esteve em campo.

Num jogo onde foi menos acutilante do que o normal — o primeiro canto, por exemplo, só apareceu ao minuto 68 –, o FC Porto acabou por alcançar uma vitória sofrida mas poderosa a nível moral, principalmente na antecâmara da primeira mão dos quartos de final da Champions contra o Chelsea. Herman José, enquanto Tony Silva, dizia que era o grande criador de toda a música ró; este Toni não é Silva e não canta, mas é Martínez e dá vitórias.

Assine a partir de 0,10€/ dia

Nesta Páscoa, torne-se assinante e poupe 42€.

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver oferta

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine a partir
de 0,10€ /dia

Nesta Páscoa, torne-se
assinante e poupe 42€.

Assinar agora