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Afinal, Paulinho é a menor teimosia de uma equipa teimosa (a crónica do Moreirense-Sporting)

Este artigo tem mais de 3 anos

Paulinho desbloqueou primeiro golo pelo Sporting mas leões voltaram a deixar que o jogo se resolvesse sem o resolver. Até aqui resultou, com o Moreirense não: balde de água fria chegou aos 90' (1-1).

Paulinho marcou o primeiro golo pelo Sporting mas equipa comandada por Rúben Amorim não foi além do empate em Moreira de Cónegos
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Paulinho marcou o primeiro golo pelo Sporting mas equipa comandada por Rúben Amorim não foi além do empate em Moreira de Cónegos

Octavio Passos

Paulinho marcou o primeiro golo pelo Sporting mas equipa comandada por Rúben Amorim não foi além do empate em Moreira de Cónegos

Octavio Passos

Não era uma regra completamente estanque mas durante largas jornadas a equipa do Sporting era olhada de uma forma quase única: eram 11, aqueles 11, sempre esses 11. E havia até a dúvida sobre a capacidade de resposta que a equipa teria quando um ou outro dos tais 11 não estivesse disponível. Que foi acontecendo, que não afetou em nada os resultados (com uma ou outra oscilação no rendimento). Foi assim que apareceu Gonçalo Inácio, foi assim que Matheus Nunes foi melhorando sempre que era chamado, foi assim que Bruno Tabata teve oportunidades. Foi assim, sobretudo, que “nasceu” Daniel Bragança, um médio com características diferentes de todos os outros que acrescentava algo à equipa quando entrava em campo pela qualidade de passe e capacidade de posse. A par de João Palhinha e Nuno Mendes, o internacional Sub-21 foi um dos destaques na paragem para as seleções. No regresso, mais do que nunca, Rúben Amorim tinha várias opções até para um sistema diferente em 3x5x2.

Sporting cede empate com Moreirense aos 90′ com golo de Walterson e perde pontos na liderança da Liga

Também por isso, e de forma natural, o propalado interesse em alguns dos jogadores tornou-se tema de conversa na antecâmara da deslocação a Moreira de Cónegos, com o técnico a refrear a questão para reforçar em paralelo o estatuto do Sporting. “Nós somos um grande clube europeu. Isto é mérito deles, fico feliz, mas os jogadores do Sporting já jogam num grande clube. Eles melhoraram coletivamente, individualmente não cresceram assim tanto. O foco deve ser o Sporting e eles cresceram com a equipa, há orgulho por isso, mas o foco é o Sporting e queremos vencer todas as semanas. Deslumbramento? Têm de ter a noção que isto pode mudar de um momento para o outro. Hoje toda a gente nos dá palmadinhas nas costas, amanhã com maus resultados muda a classificação, a valorização, o entendimento da equipa… Têm de lutar dia a dia por essa valorização”, destacou, antes de colocar o foco na partida com o Moreirense e na incapacidade recente para “matar” os jogos depois do 1-0.

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“Costumamos fugir para zonas confortáveis. Não queremos isso, não é a nossa ideia, mas, de facto, sentimo-nos muito confortáveis a segurar vantagens. Depois queremos explorar a profundidade mas isso depende da equipa, dos jogadores em campo. Faz parte de alguma juventude da equipa. Não é falta de intensidade, é uma forma de estar no jogo que vamos melhorar e que fica mais difícil com o passar do Campeonato mas não perdemos o controlo do jogo. Não é o treinador que manda, é a própria equipa que se adapta assim. Precisamos de tempo para limar essas arestas, para crescer”, explicou, recuperando o filme dos últimos triunfos leoninos na Liga.

No entanto, e ao contrário do que aconteceu nessas partidas, havia um “reforço” na equipa. “É um jogador com caraterísticas diferentes. Não utilizámos a paragem para adaptar nenhum jogador mas sim para ver jovens, para lhes dar tempo de treino. O Paulinho já tinha essa nossa ideia, já conhece melhor os colegas. Apesar da lesão que teve já treina há algum tempo, é mais uma opção e com o Paulinho somos uma equipa mais forte”, salientou, quase que abrindo a porta da titularidade ao avançado que marcou o único golo dos leões no particular realizado na Academia à porta fechada durante a paragem frente à União de Leiria, do Campeonato de Portugal.

À semelhança do que aconteceu desde a contratação do internacional português, curiosamente no dia em que o Sporting derrotou o Benfica em Alvalade, Rúben Amorim tem mantido uma especial atenção com Paulinho, que descreveu logo nesse dia como “o melhor 9 em Portugal” e que foi elogiando com o passar dos encontros sem que o antigo dianteiro do Sp. Braga conseguisse estrear-se a marcar, ao mesmo tempo que relativizava a questão dos 16 milhões de euros investidos em 70% do passe para evitar qualquer estigma por ter sido a contratação mais cara de sempre do clube. O técnico tem mais do que um sistema, como voltou de novo a mostrar em Moreira de Cónegos, mas mantém sempre a mesma ideia de jogo e é nesse contexto que, com mais ou menos golos, técnica, capacidade ou qualidade, não prescinde da cultura tática de Paulinho para interpretar o que pretende na frente.

Esta noite, Paulinho mostrou o porquê da aposta quase cega de Rúben Amorim: marcou, criou espaços e assistiu mas ao mesmo tempo foi um dos jogadores com mais ações ofensivas, entregou-se à luta pela equipa e funcionou literalmente como o primeiro defesa dos leões sem bola. Não foi suficiente. E não foi porque, mais uma vez, os leões deixaram que o encontro se fosse resolvendo em vez de resolver o encontro. A comparar com o que se passou em Tondela ou com o V. Guimarães, o Sporting até esteve melhor em dois capítulos: consentiu apenas um remate enquadrado/oportunidade ao Moreirense ao longo dos 70 minutos de vantagem (o do golo) e procurou mais a baliza adversária com dois golos anulados e outras duas chances flagrantes. Falhou na finalização, pecou por não desfazer uma vantagem magra com um segundo golo que mudaria o contexto do jogo, morreu pelo seu próprio veneno ao cair do pano. E a vantagem na liderança ficou assim reduzida a oito pontos. Se a contratação de Paulinho foi vista como uma teimosia, o avançado é tudo menos isso pelo que oferece a esta equipa por si só teimosa.

Ficha de jogo

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Moreirense-Sporting, 1-1

25.ª jornada da Primeira Liga

Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Moreirense: Mateus Pasinato; Matheus Silva (D’Alberto, 75′), Rosic, Abdoulaye (Steven Vitória, 52′), Abdu Conté; Franco (David Simão, 75′), Fábio Pacheco, Filipe Soares; Felipe Pires (Yan Matheus, 68′), Rafael Martins (André Luís, 68′) e Walterson

Suplentes não utilizados: Kewin Silva, Ferraresi, Lucas Silva e Alex Soares

Treinador: Vasco Seabra

Sporting: Adán; Gonçalo Inácio, Coates, Feddal; Pedro Porro, João Mário, Daniel Bragança (Tiago Tomás, 60′), João Palhinha, Nuno Mendes (Matheus Reis, 38′); Pedro Gonçalves (Matheus Nunes, 85′) e Paulinho

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Luís Neto, João Pereira, Bruno Tabata, Nuno Santos e Jovane Cabral

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Paulinho (21′) e Walterson (90′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Abdoulaye (39′), Rúben Amorim (39′), Tiago Tomás (78′), Gonçalo Inácio (85′) e Mateus Pasinato (90+5′)

Apesar de ter uma maior presença no corredor central, o Sporting demorou alguns minutos a entrar no encontro perante a boa ocupação de espaços do adversário e a incapacidade de levar bola até ao último terço em posse, com a exploração da profundidade com passes longos a correr muito mal nessa fase. Aliás, aquilo que os leões tentavam fazer foi aquilo que o Moreirense fez na primeira oportunidade em que procurou esse movimento, com Rafael Martins a cair de forma inteligente na zona das costas entre Coates e Feddal, a avançar com bola controlada mas a rematar forte mas ao lado da baliza de Adán (9′). Estava dado o aviso dos cónegos, que tinham no experiente avançado brasileiro o seu melhor marcador mesmo chegando apenas no mercado de inverno. No entanto, e logo no minuto seguinte, Nuno Mendes teve uma boa descida pela esquerda, cruzou para boa saída a punhos de Pasinato e colocou em sentido a equipa da casa, dando o mote para aquele que foi o melhor período leonino até ao intervalo.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Moreirense-Sporting em vídeo]

Com João Mário a agarrar mais no jogo descaído na esquerda e Daniel Bragança a surgir mais móvel sem estar agarrado ao lado direito, o Sporting conseguiu ter uma posse de maior qualidade, criou outro tipo de dificuldades também com o envolvimento dos laterais de forma mais visível (Porro tentou mais um grande golo de fora da área mas o remate saiu por cima aos 17′) e chegou mesmo à vantagem por Paulinho, num grande cruzamento largo de Daniel Bragança de pé esquerdo na direita a encontrar o avançado ao segundo poste para um primeiro remate defendido por Pasinato antes da recarga vitoriosa que deu o primeiro golo ao serviço dos leões (21′).

Em vantagem, e durante alguns minutos, o Sporting tentou inverter a questão de quase de forma inconsciente ir gerindo o avanço no marcador e ainda teve mais duas chegadas com qualidade ao último terço ainda que sem uma finalização no final mas o encontro baixou de intensidade, começou a ser mais jogado mais em posse ainda na linha defensiva verde e branca quase que a chamar o adversário e ficou marcado por duas entradas mais duras: Franco atingiu de carrinho Nuno Mendes em frente ao banco dos cónegos num lance que levaria depois à saída do lateral por lesão, Abdoulaye repetiu a dose em Matheus Reis em frente ao banco dos lisboetas num lance que valeu cartão amarelo ao central e o intervalo chegaria ainda com um golo anulado a Paulinho, que picou bem por cima de Pasinato após ganhar um ressalto mas com fora de jogo de Pedro Gonçalves no início do lance (45′).

O Sporting voltava a chegar em vantagem ao descanso jogando fora mas, ao contrário de outras ocasiões, teve uma entrada forte onde ameaçou por duas vezes chegar ao segundo golo que mudaria por completo o contexto do jogo: num primeiro lance, numa grande jogada ofensiva dos leões, Porro cruzou no lado direito, Paulinho amorteceu de cabeça para o remate de Pedro Gonçalves que ficou no corpo de Abdoulaye e Palhinha atirou forte e rasteiro para defesa segura de Pasinato (51′); depois, numa segunda bola após canto, Feddal cruzou em balão na esquerda para a área, Pedro Gonçalves desviou de primeira apanhando Pasinato a cair para o lado contrário mas o lance foi anulado por uma posição irregular do internacional Sub-21 confirmada pelo VAR por dois centímetros (59′).

A entrada de Tiago Tomás para o lugar de Daniel Bragança, que levou ao recuo no terreno de Pedro Gonçalves para posições que ocupou também na Seleção Sub-21, não teve os efeitos práticos desejados mas, mesmo sem grandes oportunidades a não ser um cabeceamento de Feddal após canto que passou a rasar o poste da baliza (80′), houve um Sporting mais empenhado em fechar o encontro com o segundo golo em vez de trancar a vantagem mínima. Até aqui, isso foi quase sempre suficiente; em Moreira de Cónegos, nem por isso. E o balde de água fria chegou em cima do minuto 90, com Walterson a aproveitar um corte incompleto após um cruzamento falhado para marcar um grande golo que fez o empate na única oportunidade e no único remate enquadrado do Moreirense desde o 1-0.

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