O vice-ministro da Saúde da Guiné Equatorial afirmou esta segunda-feira que duas dezenas de corpos ainda estão por identificar, um mês após as explosões num quartel da cidade de Bata, que causou a morte de 107 pessoas.

Em declarações telefónicas à agência Lusa, Mitoha Ondo explicou que as autoridades estão a “realizar análises de ADN” dos corpos para confirmar o nome das vítimas mortais, após o acidente.

Até ao momento estão ainda nos hospitais oito dezenas de pessoas, muitas que “necessitam de mais cuidados. São amputações ou queimaduras graves”, explicou.

Em 7 de março, uma violenta explosão de munições num quartel na cidade continental de Bata causou 107 mortos e seis centenas de feridos, destruindo várias casas em redor e provocando o pânico entre a população.

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Explosões na Guiné Equatorial fazem pelo menos 20 mortos. “A situação é catastrófica”

O vice-ministro da Saúde agradeceu o apoio médico dado por outros países. “Foi extraordinário, acima do esperado. Uma tragédia motiva sempre o melhor dos países e estamos agradecidos”, afirmou.

Quanto aos procedimentos internos de proteção civil, Mitoha Ondo faz um balanço positivo da ação do governo da Guiné Equatorial, rejeitando as críticas feitas por organizações internacionais sobre falta de planeamento e lentidão na resposta à catástrofe. “Acho que correu tudo muito bem”, disse o vice-ministro da Saúde.

Após o acidente, o gabinete de coordenação das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA) alertou para o facto de terem sido vistas crianças “a recolher restos de metal para venda”. Para o OCHA, além da “indicação de potencial aumento do trabalho infantil”, esta situação demonstra a “necessidade urgente” de um programa de educação sobre o risco de engenhos explosivos para a população civil que vive num raio de 10 quilómetros do epicentro da explosão. “A segurança e a proteção dos civis continuam a ser fundamentais. As equipas de avaliação têm observado civis a recolher e vender metal e crianças a brincar em locais perigosos”, aponta a agência da ONU.

Várias agências técnicas especializadas em segurança de munições trabalharam no terreno sob a coordenação do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz e o Desarmamento em África (UNREC), incluindo uma equipa de consultores em Gestão de Munições (AMAT) no âmbito do Centro Internacional de Desminagem Humanitária de Genebra (GICHD), bem como equipas de França, Israel, Qatar e Camarões.