O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, atacou esta segunda-feira os procuradores do seu julgamento por corrupção, acusando-os de o quererem destituir.

Numa declaração transmitida pela televisão, Netanyahu disse que o processo contra ele ameaça minar a vontade dos eleitores do país. “Uma tentativa de golpe é parecida com isto“, disse.

Netanyahu falava depois do recomeço do seu julgamento, por acusações de suborno, fraude e abuso de confiança em três casos diferentes, e no mesmo dia em que o Presidente de Israel iniciou as consultas pós-eleições para designar o próximo primeiro-ministro.

O partido Likud (direita) de Netanyahu venceu as últimas legislativas — as quartas em dois anos —, conseguindo 30 deputados dos 120 que compõem o parlamento (Knesset), mas o resultado combinado com os dos seus aliados tradicionais não garante a maioria de 61 lugares necessária para a formação de um governo estável.

Com a permissão dos juízes, o primeiro-ministro cessante abandonou o tribunal antes da audição da primeira testemunha, Ilan Yehoshua, antigo diretor-geral do portal eletrónico informativo Walla.

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No conhecido como “caso 4000”, Netanyahu é acusado de ter favorecido a empresa de telecomunicações israelita Bezeq em troca de cobertura favorável pelo Walla, ambos controlados pelo mesmo empresário, Shaul Elovitch.

“Era claro que éramos um site que fazia o que o gabinete do primeiro-ministro nos dizia para fazer”, afirmou Yehoshua aos juízes.

Segundo a testemunha, era pedido ao Walla que publicasse artigos contra os principais rivais de Netanyahu, incluindo Naftali Bennet, que agora desempenha um papel central nas negociações para a formação de um novo governo. Mas Netanyahu ainda ouviu a procuradora principal Liat Ben-Ari acusá-lo de ter usado o poder de “forma ilegítima” para favorecer “assuntos pessoais”.

O primeiro chefe de Governo da história de Israel a enfrentar acusações criminais durante o seu mandato, Benjamin Netanyahu, de 71 anos, 15 dos quais no poder, sempre as rejeitou, designando o processo de uma “caça às bruxas”. No entanto, o julgamento contra Netanyahu não ameaça as ambições políticas do primeiro-ministro cessante porque só seria obrigado a demitir-se em caso de condenação e o processo, incluindo os recursos, pode prolongar-se durante vários anos.