Vinte milhões para o agente Mino Raiola, 20 milhões para o pai Alf-Inge, 30 milhões de ordenado por temporada para Erling Haaland, uma verba a designar (que será tudo menos pequena) para o B. Dortmund. Foi através destas contas astronómicas e sempre a somar que a RAC1 avaliou uma contratação do prodígio norueguês por parte do Barcelona e a resposta do empresário do jogador não demorou. “As notícias falsas viajam rápido e longe”, disse. Mas se é assim com as fake news, as real news também não demoraram a viajar rápido e longe na semana passada e tudo por causa das viagens rápidas e não tão longas que foram feitas às duas principais cidades de Espanha.

Seis jogos, dez golos, um remate certeiro a cada 54 minutos: a máquina Haaland está sempre a facturar

Raiola e o pai de Haaland encontraram-se com responsáveis do Barcelona e do Real Madrid no mesmo dia, tendo como objetivo perceber o que ambos os clubes teriam em mente para a contratação do avançado. Não são os únicos interessados, tendo em conta as notícias que têm surgido na imprensa britânica sobre Manchester City e Liverpool, mas são aqueles que mais necessitam de uma estrela para iniciar um novo ciclo. No final, terá sobrado a possível preferência pelos merengues, que têm também em vista Kylian Mbappé, e a maior capacidade de ir mais longe no plano financeiro do Barcelona (que perguntou também por De Ligt). “Se essas viagens me afetam? Não porque não posso evitar que Mino Raiola e Alfie Haaland viajem… Estamos muitos felizes por termos Haaland, ele também está feliz por estar connosco novamente. É bom rapaz e estamos orgulhosos de que faça parte da nossa equipa”, comentou a esse propósito Edin Terzic, treinador do B. Dortmund, passando ao lado do caso.

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Do outro lado poderia estar tão só o Manchester City, líder da Premier League, candidato a ganhar todas as provas esta época e uma das equipas que melhor joga, mas era de Erling Haaland que se falava na antecâmara do jogo da primeira mão dos quartos, até pelos registos do escandinavo na Champions e na Liga Europa: 24 golos em 20 jogos relativos a provas europeias, terceiro melhor marcador norueguês na Europa só atrás de Harald Brattbakk (31 golos em 75 jogos) e John Carew (28 golos em 85 jogos), uma constante melhoria na média quando passou do Molde para o Salzburgo e do Salzburgo para o B. Dortmund. “É incrível que ainda vá fazer 21 anos mas não podemos estar focados em apenas um jogador. São uma equipa muito ofensiva. Jogam com quatro jogadores muito ofensivos e vão apostar no contra-ataque para aproveitaram os espaços. Não podem ter espaço. Não devemos mudar o nosso estilo de jogo, a chave passa por controlar o jogo à nossa maneira”, comentou Pep Guardiola.

Em paralelo com tudo isso, Inglaterra diz muito ao avançado, que sempre assumiu que um dos seus sonhos de carreira era ganhar a Premier League pelo Leeds United, uma das equipas que o pai, Alf-Inge, representou. E não foi a única porque, entre 2000 e 2003, o antigo defesa/médio hoje com 48 anos jogou no Manchester City, numa passagem que ficou marcada por uma grave lesão que lhe marcaria o resto da carreira: num dérbi com o United, em abril de 2001, sofreu uma entrada duríssima de Roy Keane no joelho direito que valeu a expulsão ao médio irlandês, numa vingança assumida pelo próprio por um jogo em 1997 em que Haaland o acusou de estar a simular uma lesão quando tinha mesmo problemas no ligamento do joelho. Erling, que antes da fama chegou a tirar fotografias com a camisola azul celeste, era esta terça-feira o principal obstáculo ao sonho do City em chegar às meias de uma competição que continua sem ganhar e tendo o português Rúben Dias pela frente.

Desta vez, Haaland não marcou mas provou que é um avançado completo pelo que joga e faz jogar, não só na assistência para o golo de Reus mas também num lance com Rúben Dias em que conseguiu ganhar ao antigo central do Benfica no confronto físico mas rematou para defesa de Ederson. Mais do que isso, e naquela que ficou como imagem do jogo a par da conversa com Phil Foden no final, o norueguês ainda deu um autógrafo num cartão a um dos árbitros assistentes, quando se encaminhava para o balneário. No entanto, Pep Guardiola tinha razão nos elogios ao ataque do B. Dortmund, que foi a equipa que mais problemas criou ao Manchester City em termos defensivos nesta edição da Champions e que deixou a eliminatória em aberto apesar da derrota que voltou a ser construída nos pés de Kevin de Bruyne, um monstro sem paralelo com a bola nos pés.

Bellingham teve a primeira oportunidade do encontro para defesa de Ederson e durante mais de 15 minutos só o B. Dortmund conseguiu criar perigo chegando ao último terço com transições rápidas que passavam a primeira linha de pressão do Manchester City e encontravam espaços pouco habituais na recuperação do conjunto inglês sem bola. No entanto, bastou um único erro em zona proibida para os visitados chegarem à vantagem, num passe sem nexo de Emre Can cortado por Mahrez que iniciou uma saída rápida que passou pelos pés de Kevin de Bruyne e Phil Foden antes da assistência do argelino para o belga (19′). O intervalo chegaria com essa vantagem mínima, entre um penálti revertido por possível falta de Emre Can sobre Rodri e um golo anulado por Bellingham por pé em riste na disputa de bola com Ederson, mas os alemães mostravam que podiam discutir o encontro.

No início do segundo tempo, Haaland teve a grande chance para marcar numa desmarcação em profundidade onde ganhou no 1×1 a Rúben Dias (que caiu no relvado após o choque com o norueguês) mas rematou para defesa de Ederson, antes de Phil Foden ter também uma boa oportunidade para ampliar a vantagem. O encontro estava vivo, com as unidades atacantes dos germânicos a colocarem sempre em sentido a defesa (e a melhor qualidade em posse) dos líderes da Premier League, mas os golos estavam guardados para os últimos minutos: Reus surgiu isolado na área após uma grande assistência de Haaland e fez o empate aos 84′ antes de Kevin de Bruyne tirar mais coelho da cartola para isolar com um fantástico passe longo para Gündogan que, após trabalho individual, assistiu Phil Foden para o remate cruzado que deu a vitória ao Manchester City a um minuto do final.