José Pacheco, secretário-geral do Chega/Açores e, até aqui, candidato à liderança do partido na região contra o atual presidente, abandona a corrida para as eleições internas no arquipélago. Esta segunda-feira, o deputado tinha revelado ao Observador que a decisão estava em cima da mesa e anunciou-o através das redes sociais depois de reunir com várias pessoas próximas de todo o processo. “Por vezes mais vale ter paz do que ter razão”, justificou o deputado. Apesar de já não ser candidato, José Pacheco assegurou que vai cumprir o mandato de deputado pelo Chega até ao fim e que não vai abandonar o partido.

No Facebook, José Pacheco começou por dizer que “acima de tudo e de todos está o Chega” e esclareceu que a decisão de retirar a candidatura a presidente regional é “em defesa do bem maior” do partido. “Faço-o de forma refletida, consciente e depois de auscultar muitas pessoas ligadas, de forma direta e indireta, ao Chega”, prosseguiu.

ACIMA DE TUDO E DE TODOS ESTÁ O CHEGACaros militantes, simpatizantes e eleitores do Chega, caros amigos,Dirijo-me a…

Posted by José Pacheco on Monday, April 5, 2021

A decisão é “irrevogável” e acontece porque José Pacheco sentiu que tem o “dever e a coragem de acabar com todas as divergências, divisões, difamações, mentiras, confusões e até evitar que seja a nossa organização a prejudicada ao nível parlamentar”, tendo em conta, referiu, “ameaças” lidas na comunicação social. “O nosso partido tem de estar acima de tudo e, assim sendo, temos de mostrar que postura queremos e pretendemos ter dentro desta nossa casa hoje e sempre. A estabilidade é fundamental neste momento por maior que seja o sacrifício”, afirmou o deputado.

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José Pacheco entende que “em primeiro lugar têm de estar os nossos princípios e valores” e “não vaidades pessoais ou apenas a disponibilidade para liderar” e atirou ao adversário Carlos Furtado: “Neste partido todos são válidos independentemente do lugar que ocupam, quer seja de chefia, quer seja militante ou simpatizante.”

O secretário-geral do Chega/Açores realçou ainda que o desafio autárquico, o primeiro do partido, estava a começar a ficar “comprometido com tanta indecisão e falta de estratégia“. Como tal, garantiu que irá “respeitar as decisões que vierem a ser tomadas” e vai decidir o grau de envolvimento no futuro, sendo que esse “nunca passará por liderar qualquer projeto autárquico, mas apenas colaborar na sua melhor execução”.

“Estarei, de igual modo, atento a tudo o que possa comprometer o futuro e o histórico do Chega para que não possamos novamente nos arrepender das decisões tomadas por alguns em nome de todos”, alerta o deputado. A discórdia entre José Pacheco e Carlos Furtado começou exatamente devido a uma das bandeiras do Chega — o RSI. Na altura, o secretário-geral fez uma publicação no Facebook do partido que o presidente regional não gostou e Carlos Furtado acabou por apagá-la e justificar a decisão pela mesma via.

Depois de muitas questões de parte a parte, André Ventura deslocou-se aos Açores, não conseguiu uma convergência e Carlos Furtado demitiu-se do cargo, para se voltar a candidatar frente a José Pacheco. Com a saída do secretário-geral, a corrida fica agora reduzida a um candidato único — até agora.

José Pacheco vai manter-se como deputado do Chega no Parlamento açoriano e garantiu no Facebook que continuará “humildemente o trabalho”, com “a mesma garra, dedicação, fiel aos princípios ideológicos da direita, na defesa dos Açores e dos açorianos”. “É esta a minha missão e a minha obrigação, que jamais deixarei que alguém me impeça de a bem executar. Para tal conto com todos e com a valiosa equipa de voluntários que me acompanha neste desafio há já algum tempo”, concluiu, realçando algumas das bandeiras do Chega como o combate à corrupção e à subsidiodependência.