A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados apelou esta segunda-feira ao apoio de entidades públicas e privadas portuguesas ao governo e população moçambicanas, devido à grave situação humanitária causada por ataques terroristas em Cabo Delgado.

“É fundamental, além da ajuda da comunidade internacional, que Portugal também reforce todo o tipo de apoio humanitário, alimentar e logístico ao povo moçambicano vítima destas violentas agressões, ajudando também com meios mais rápidos e eficazes o governo Moçambicano no controlo militar deste território e à estabilização da paz, na defesa dos direitos humanos e no respeito pela soberania de Moçambique”, refere a Comissão da Ordem dos Advogados em comunicado enviado à Lusa.

Numa altura em que a região de Cabo Delgado enfrenta aquele que é considerado como um dos piores ataques terroristas desde o início do conflito na região, em 2017, a CDHOA incita a que todas as organizações governamentais e não-governamentais que auxiliem aquele país a todos os níveis por forma a fazer face à carência de bens e serviços ali inexistentes“, adianta.

A 24 de março, vários grupos armados tomaram a vila de Palma, matando dezenas de civis e colocando milhares de pessoas em fuga. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 9.900 pessoas, quase metade crianças, fugiram de Palma devido à violência e, desde 24 de março, chegaram aos distritos de Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba.

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Em Pemba, a última grande embarcação com deslocados chegou na quinta-feira, com 1.200 dos que se refugiaram junto ao recinto dos projetos de gás, em Afungi. A violência em distritos mais a norte da província começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

No comunicado, a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados sublinha tratar-se de “milhares as pessoas inocentes assassinadas barbaramente, agredidas e expulsas dos seus locais de residência à força e famílias separadas que desconhecem o paradeiro dos seus cônjuges, pais, filhos e irmãos”.

Sublinha ainda que o sofrimento da população local foi reconhecido pelo arcebispo de Maputo, Francisco Chimoio, na sua mensagem de Páscoa, e que também o representante da Comunidade Islâmica referiu que “esperava que Moçambique já estivesse a receber um maior apoio de outros países“.