Portugal passou esta quarta-feira para o lado direito do quadrante inferior da matriz de risco definida pelas autoridades de saúde. Isso significa que, sobretudo ao agravamento do R(t) para mais de 1, o país está mais próximo da “zona amarela” da matriz que rege o ritmo do desconfinamento em curso. A informação foi confirmada pela Direção-Geral de Saúde (DGS) no mesmo boletim diário onde aponta para um aumento (em termos ajustados) do número de novos casos a nível nacional.
O valor do R(t) superou a fasquia de 1 tanto no continente como a nível nacional. No país, o indicador de transmissibilidade média passou para 1,01 e quando se olha apenas para o território continental subiu para 1,02. A última leitura, relativa à última segunda-feira, apontava para 0,98 no país e 1,00 só no território continental.
Também o rácio de incidência não traz boas notícias: a nível nacional aumentou para 64,3 casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias. A leitura anterior era de 62,8, segundo a DGS. No continente, o valor subiu para 62,5 casos, contra os 60,9 anteriores.
Isto significa que ambos os indicadores refletem uma situação pior da pandemia no país. Se a escalada gradual do R(t) nas últimas semanas já levou o indicador para lá do valor de referência, indicando uma aceleração do contágio, no rácio de incidência Portugal ainda está longe da “linha vermelha” mas também tem vindo a piorar nos últimos dias.
Também de acordo com o boletim diário da DGS, foram detetados mais 663 novos casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, nas 24 horas até à meia-noite desta quarta-feira. É um número inferior aos 874 casos da véspera, embora essa contagem não seja comparável porque incluía quase 600 casos que diziam respeito ao fim-de-semana da Páscoa. Ou seja, em termos ajustados a esse efeito técnico, o número de novos casos subiu.
Os números mostram, também, que a média diária de casos nos últimos 7 dias (472/dia) já é superior aos números de há duas semanas. Entre dias da semana comparáveis — de quinta a quarta — tinha havido 459 casos/dia entre 18 e 24 de março.
Estes números são, também, mais elevados em relação aos valores da semana anterior: tinham sido 419/dia (de quinta a quarta, entre 25 e 29 de março).
A DGS acrescenta que houve mais 3 óbitos cuja causa foi atribuída à Covid-19, também nas últimas 24 horas. Na véspera tinha havido dois óbitos.
Tal como tinha acontecido na véspera, todos esses óbitos ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo. E foi também na região que inclui a capital do país que surgiram mais novos casos: 262.
Os restantes novos casos – do total de 663 – dividem-se entre os 182 do norte do país, 71 no centro, 46 no Algarve e 32 no Alentejo. Nos Açores foram detetadas mais 42 infeções e na Madeira mais 28.
Um dos óbitos destas 24h foram de um homem na faixa etária dos 60 anos, com os outros dois a dizerem respeito aos 70-79 anos (também dois homens).
O boletim da DGS traz, porém, uma evolução favorável na contagem de internamentos hospitalares com Covid-19. Segundo os números oficiais, havia à meia-noite desta quarta-feira menos de 500 internados, o que acontece pela primeira vez desde 19 de setembro (boletim de dia 20 de setembro).
Em termos mais concretos, o número de internamentos baixou em 16 para 488 doentes nos hospitais.
Porém, destes, 116 estavam em unidades de cuidados intensivos, mais 3 do que na véspera.
O boletim da DGS aponta, porém, para 757 recuperados, o que permitiu reduzir o número de “casos ativos” conhecidos das autoridades em 97, para 25.847 a nível nacional.