Os alemães da Mercedes fabricam automóveis com inegável qualidade e o Classe S é um digno topo de gama. E a sua primeira incursão pelo universo dos veículos eléctricos provou isso mesmo, uma vez que o EQC 400 é um SUV sólido e bem construído. Mas confirmou também que o construtor alemão tem de evoluir rapidamente no que respeita às baterias, motores e gestão de energia, para incrementar a autonomia, fraca no SUV. A avaliar pelos dados agora conhecidos do novo EQS, este handicap estará já ultrapassado.

No capítulo dos trunfos do novo topo de gama a bateria, a lista da Mercedes parece não ter fim e arranca à cabeça com o aerodinamismo da carroçaria, para a qual anuncia um Cx de 0,20, um número recorde que certamente o ajudará a melhorar o consumo a velocidades mais elevadas. Às linhas fluidas o EQS associa o maior pack de baterias do mercado, uma vez que a versão com maior capacidade tem 107,8 kWh. Haverá uma segunda, com 90 kWh, para as versões menos potentes e mais acessíveis, mas ambas recorrem a sistemas a 400 V e são capazes de recarregar a 200 kW, o que também é um bom valor. Resta saber se o construtor se refere a capacidade útil ou total.

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Também a potência não destoa do que é habitual nos topos de gama da marca, com valores entre 333 cv e 523 cv, sendo prometidas versões com um ou dois motores por eixo, para assegurar tracção atrás ou às quatro rodas. A Mercedes avança com as duas primeiras versões, que denomina EQS 450+ e EQS 580 4Matic+, ambas limitadas a 210 km/h.

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Em termos de autonomia, os alemães anunciam “até 770 km” entre recargas, sem especificar a que versão se refere, necessariamente com a bateria maior, mas ficando a dúvida se com apenas tracção atrás ou 4×4. Estranho é o facto de a Mercedes anunciar o consumo de energia segundo o antigo método NEDC, que deixou de ser utilizado na Europa por ser demasiado optimista, em vez do mais próximo da realidade e actual WLTP.

Mais curiosos ainda são os valores do consumo, com a Mercedes a apontar entre 19,1 a 16 kWh/100 km para a versão EQS 450+ (dependendo dos pneus e jantes utilizadas), com o EQS 580 4Matic+ a reivindicar 20,0 a 16,9 kWh/100 km, a que deverão corresponder valores mais elevados em WLTP. Ora como a marca germânica anuncia uma autonomia de 770 km, o que mesmo com a bateria de 107,8 kWh corresponde uma média aproximada de 14 kWh/100 km, leva a concluir que falta aqui alguma informação que a Mercedes não revelou, para termos o quadro completo sobre o EQS que, invariavelmente, já estará a “fazer crescer água na boca” de muitos clientes.