O CDS deverá apoiar a candidatura de Suzana Garcia à Câmara Municipal da Amadora. Os democratas-cristãos querem ir coligados com o PSD e não veem qualquer entrave no nome escolhido pelo partido liderado por Rui Rio. Ainda há aspetos formais a tratar, mas o Observador sabe que a direção de Francisco Rodrigues dos Santos não se vai opor à escolha.

Primeiro, a concelhia do CDS/Amadora terá de decidir se quer ir em coligação com o PSD e encetar negociações com Suzana Garcia. No entanto, o Observador sabe que existe vontade na estrutura local de abraçar a candidatura da advogada e antiga comentadora da TVI.

Depois, caberá à distrital de Lisboa, liderada por João Gonçalves Pereira, pronunciar-se sobre a solução. Mas tudo indica que o ‘ok’ da estrutura estará garantido. Quando o processo chegar à secretária de Francisco Rodrigues do Santos, terá, ao que tudo indica, o carimbo de aprovação do líder do CDS.

Se é certo que ainda não existe qualquer decisão formal tomada, à partida não se repetirá o que aconteceu em 2017. Nas últimas autárquicas, os dois partidos acabaram por rasgar o acordo de coligação em Loures, depois de André Ventura ter feito declarações consideradas controversas sobre a comunidade cigana em Portugal.

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Assunção Cristas, então líder do CDS, entendeu não apoiar o candidato por não se rever nas ideias de Ventura. O PSD, presidido por Pedro Passos Coelho, não desistiu e manteve a candidatura. Depois dessas eleições, Ventura entrou em rota de colisão com Rui Rio, tentou derrubar o atual líder social-democrata, e decidiu desfiliar-se para fundar o Chega.

Suzana Garcia tem rejeitado toda e qualquer comparação com André Ventura, apesar de, no passado, já ter manifestado posições que têm sido comparadas às do líder do Chega, nomeadamente na defesa da castração química.

Num artigo de opinião publicado no Observador, tentou contextualizar a sua posição. “Enquanto advogada, entendo que a terapia medicamentosa de controlo da líbido para reincidentes comitentes de crimes de abuso sexual de crianças, e de abuso sexual de menores dependentes (pedófilos), não é incompatível com a Constituição. Entendo a terapia medicamentosa de controlo da líbido como medida penal adequada apenas aplicável no restrito universo de reincidentes pedófilos com algumas doenças do foro psiquiátrico, denominadas parafilias”, escreveu a ex-comentadora.

A advogada acrescentava mais.  “Este processo é uma terapia, é reversível, e não constitui qualquer forma de esterilização. Este processo não implica qualquer mutilação física, não depende de qualquer cirurgia, e não é fisicamente invasivo.”

A verdade é que a candidatura de Suzana Garcia, proposta pela concelhia do PSD e abençoada pela distrital do partido, chegou a estar tremida quando foi discutida na direção de Rui Rio. Depois de alguma ponderação, a candidatura acabou por ser homologada e, na quarta-feira, José Silvano, secretário-geral do partido e coordenador autárquico, desdramatizou por completo.

“[O PSD é um] partido onde cabem todos. As declarações públicas da candidata em nada afetam os valores do PSD. A posição da Suzana Garcia [sobre castração química] é uma posição que, no entender do PSD, não é castração química — é terapia medicamentosa do controlo da líbido. Inclui-se na amplitude da pluralidade que o PSD defende para os candidatos às autarquias”, defendeu.

PSD: Suzana Garcia foi aprovada por “unanimidade” e posições “em nada afetam valores do PSD”