O lugar de Paulo Fonseca na Roma parece estar em risco desde que o treinador português chegou a Itália, em 2019. O quinto lugar na Serie A na época passada, num ano interrompido pela Covid-19, não permitiu uma afirmação bem conseguida por parte do técnico, que esta temporada tem como principal objetivo o apuramento europeu e a continuação na Liga Europa. Assim sendo, Paulo Fonseca parece estar sempre em risco — em risco de se despedir ou em risco de ser despedido.

E esta semana, depois de uma derrota frente ao Nápoles e um empate com o Sassuolo, não é excepção. De acordo com o Corriere dello Sport, o diretor desportivo Tiago Pinto já está a equacionar a possibilidade de saída de Paulo Fonseca no final da temporada e a estabelecer prioridades na procura por um sucessor. Maurizio Sarri, sem clube desde que saiu da Juventus, é uma das opções; Gian Piero Gasperini, o maestro dos últimos anos brilhantes da Atalanta, está em cima da mesa; e Ivan Ivan Jurić, técnico de Miguel Veloso no Hellas Verona, também poderá ser abordado. Ainda assim, e segundo o jornal italiano, o favorito é apenas um: Sérgio Conceição, um vasto conhecedor da Serie A por ter representado o Parma, o Inter Milão e a Lazio.

Ora, em sentido contrário, o jornal Il Messaggero garante que Paulo Fonseca também tem soluções caso saia da Roma. À cabeça, o treinador português é um dos favoritos do Crystal Palace para suceder ao experiente Roy Hodgson, que está atualmente na segunda metade da Premier League mas com a manutenção praticamente assegurada. Em termos internos, em Itália, Fonseca é um nomes cogitados pelo Nápoles para render Gennaro Gattuso, que há muito deixou de ter o lugar totalmente assegurado na próxima temporada.

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Era neste contexto que, esta quinta-feira, a Roma visitava o Ajax na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa. Depois de eliminar o Shakhtar Donetsk de Luís Castro, os italianos deslocavam-se a Amesterdão para defrontar a equipa holandesa, que na ronda anterior afastou o Young Boys sem grandes percalços. A Roma, que não podia contar com os lesionados El Shaarawy, Smalling e Mkhitaryan, jogava com Dzeko na frente de ataque, apoiado por Pedro e Pellegrini e com Borja Mayoral no banco; já o Ajax lançava Antony, Tadic e David Neres no setor ofensivo.

Na primeira parte, a Roma começou melhor, aproveitando principalmente a profundidade e a transição rápida, sempre assente num pragmatismo italiano muito clássico que é a marca de água desta equipa de Paulo Fonseca. A partida foi avançando com algum equilíbrio e até algo amarrada, apesar do interessante confronto tático entre a criatividade do Ajax e a experiência da Roma, e os holandeses acabaram por beneficiar da lesão de Spinazzola, já perto da meia-hora, para agarrarem a dianteira do jogo — o lateral esquerdo saiu com um problema físico, substituído por Calafiori, numa altura em que estava a ser o principal impulsionador da movimentação ofensiva dos italianos.

A partir daí, o Ajax passou então a assumir um ligeiro ascendente, com mais posse e mais presença no meio-campo adversário, onde a total liberdade de que Tadic beneficiava, com ou sem bola, acabava por criar muitos problemas à defesa da Roma. O golo acabou por aparecer com origem num erro defensivo mas de forma natural, numa fase em que a equipa de Erik ten Hag estava claramente por cima do jogo: Diawara procurou atrasar para Mancini, o central hesitou e permitiu o desarme de Klassen, que depois de combinar com Tadic rematou para abrir o marcador (39′). Logo depois, Antony poderia ter aumentado a vantagem, numa oportunidade em que valeu a Paulo Fonseca a atenção do guarda-redes Pau López (41′), e o Ajax foi mesmo para o intervalo a ganhar — e a ganhar bem — pela margem mínima.

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O Ajax voltou melhor do intervalo, procurando de imediato o segundo golo que poderia oferecer uma maior tranquilidade na antecâmara da segunda mão em Itália, e teve uma enorme ocasião para lá chegar: Tadic foi carregado em falta por Ibañez dentro da grande área mas falhou o penálti ao bater para o centro da baliza e permitir a defesa de Pau López (53′). E em pouco menos de cinco minutos, numa altura em que parecia ter o jogo perfeitamente controlado, a equipa holandesa acabou por ir do céu ao inferno.

Instantes depois do falhanço de Tadic, Lorenzo Pellegrini empatou a partida de livre direto, num lance onde o jovem guarda-redes Scherpen — que tem 21 anos, fez a estreia nas competições europeias e tem apenas um jogo na liga holandesa, sendo a solução face à suspensão de Onana e à lesão de Stekelenburg — ficou terrivelmente mal na fotografia (57′). Erik ten Hag reagiu ao golo da Roma com a entrada de Brobbey para o lugar de Neres, Paulo Fonseca respondeu com Borja Mayoral e Gonzalo Villar e o golo da vitória dos italianos acabou por aparecer já nos últimos instantes.

Na sequência de um canto batido na esquerda, a bola sobrou para Ibañez e o defesa brasileiro fuzilou a baliza do Ajax com um remate fortíssimo (87′). O jogador de 22 anos, que tinha feito a grande penalidade sobre Tadic, acabou por levar a Roma do inferno aos céus — e garantiu uma vitória importante por parte da equipa de Paulo Fonseca, que marcou dois golos em Amesterdão e parte em vantagem para a segunda mão dos quartos de final da Liga Europa.