Apesar de terem sido um dos contextos em que a pandemia da Covid-19 matou mais, os lares de idosos continuam a beneficiar da confiança das famílias portuguesas e as filas de espera para acesso a estas estruturas mantêm-se, noticia esta sexta-feira o Jornal de Notícias, citando responsáveis do setor.

Até ao final de março, já tinham morrido nos lares de idosos portugueses 4.666 pessoas — o que representava 28% da totalidade das mortes causadas pelo coronavírus desde o início da pandemia. A maioria dessas mortes deveu-se a graves surtos de Covid-19 que alastraram rapidamente nas instituições.

O Livro Branco da Pandemia. Porque é que morreram tantos utentes de lares de idosos?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, os lares de idosos “já estão a repor as vagas” dos utentes que morreram, disse ao Jornal de Notícias o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Lino Maia.

Por seu turno, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, confirmou que “o tsunami geracional é muito maior” do que a mortalidade nos lares de idosos. “Se nos próximos anos não melhorarmos a rede de lares e o apoio domiciliário, vamos ter um problema social sério. Há muita gente a ficar velhinha, com demência, doenças crónicas, fragilidades motoras e físicas graves. A situação vai agravar-se“, sustentou Manuel Lemos.

14% dos lares têm casos positivos da Covid-19. “São as grandes bombas-relógio”

O Jornal de Notícias ouviu também os responsáveis de dois lares de idosos da região Norte onde várias pessoas morreram devido à pandemia. “Se tivesse 50 a 100 novas vagas, ocupava-as todas. É muita gente a bater à porta”, assumiu a diretora técnica de um lar em Braga, Maria Luísa Silva, sublinhando que o lar recebeu muitas inscrições quando reabriu as admissões.

Noutro lar, em Melgaço, apesar de terem morrido dez idosos devido à pandemia, a instituição continua cheia e vai, inclusivamente, ter de abrir mais camas — que deverão estar cheias até ao final do ano.